13.8.07

IPANEMA

Como todos sabem, Heloísa Eneida Menezes Paes Pinto (Hellô Pinheiro, depois de casar) é a "garota de Ipanema".
O que talvez não saibam é que a juvenil fêmea, então com 19 anos bem desenvolvidos, não ia "a caminho do mar" mas, mais prosaicamente, dirigia-se todos os dias, "num doce balanço", ao Bar Veloso para comprar cigarros à mãe.
É, portanto, ao vício que devemos uma das mais famosas músicas de todos os tempos... Ao vício da mãe!
Tom Jobim fez a música no Verão de 1962, no seu apartamento do Barão da Torre, 107 e Vinicius terminou a letra, semanas depois, em Petrópolis. Mas, já antes, a miúda tinha sido topada por Ronaldo Bôscoli, letrista ("O Barquinho"; "Vagamente"...), repórter e um dos maiores engatatões profissionais da época, que a tinha estampado na capa da revista Fatos e Fotos, de 3/2/1962. A pequena chegou mesmo a pousar de biquini para anúncios de bronzeador, para desespero da mãe que teimava em a casar virgem. Só depois foi "a garota de Ipanema".
Creed Taylor gravou Stan Getz (saxofone) e o casal Astrud e João Gilberto. A canção com letra em inglês, adaptada por Norman Grimbell (que queria mudar o nome Ipanema, porque nos USA havia uma pasta dentífrica Ipana), só foi lançada um ano depois, em 1963, e sem o vocal de João Gilberto, poupando 1,20 minutos à canção. Os USA só conheceram a versão de Astrud Giberto. Foi disco do ano.
Hellô Pinheiro só em 1965 soube que era a "garota de Ipanema" e, sem querer, tornou-se o símbolo de um bairro, depois de uma cidade e, quiçá, de um país. Não aceitou propostas para fimes ou shows de TV, nem sequer a proposta de Jobim para casar. Comprometida com Fernando Pinheiro, um jovem industrial, acabou casando (provavelmente virgem) e mudou para São Paulo, algum tempo depois.
Nos anos oitenta a vida complicou-se, financeiramente, para o casal e, em 1987, Hellô acabou por aceitar pousar para a Playboy e fazer alguns filmes medíocres. Era tarde... A vida não foi "um doce balanço" para Hellô Pinheiro.
jp

2 comments:

Al Kantara said...

Moral da história : nunca mandar as filhas ao bar Veloso comprar cigarros. É que há sempre um par de marmanjos sem nada para fazer a não ser escrever versinhos, compor bossinhas e passear os olhos longos pelas meninas cheias de graça...

Jorge Pinheiro said...

O problema foi sempre a mãe!