Ombros demasiado atrevidos. Excessivamente marcados. Perde-se a noção de conjunto. A sensualidade não sobrevive ao exagero da postura. Uma exibição gratuita que pode ser confundida com agressividade.
A "Fender Esquire", apresentada em 1950 no salão da National Association of Music Merchants, representou um corte com o passado. Com a sua simplicidade e linhas arrojadas a Esquire estava em sintonia com o modernismo americano que se iniciou nos anos 50, na área do "design" e do mobiliário.
O corpo da "Esquire" era uma prancha sólida, com um único "cutaway" (corte na parte superior da caixa). O braço era uma peça única em madeira de plátano, atarrachado ao corpo da viola por quatro grandes parafusos. Era tão simples que podia parecer o projecto de um imaginativo aluno de liceu. Tinha um único "pick-up". Não podia ser mais elementar quando comparada com a vistosa Gibson ES-5 de três "pick-ups" e carrilhões dourados, lançada no ano anterior.
Foi esta simplicidade, aliada a um preço mais baixo e a uma sonoridade inovadora que transformaram a Fender num sucesso comercial. Depois da "Esquire", a Fender produziu a "Telecaster" (inicialmente denominada Broadcaster), com dois "pick-ups" e o revolucionário baixo eléctrico "Precision". Em 1953 apareceu a "Stratocaster", com três "pick-ups" (um deles oblíquo) que, segundo muitos, constitui o "state of the art" em guitarras eléctricas de rock.
A partir de 1957, a Fender introduziu outra inovação. A utilização das tintas sintéticas DuPont Duco permitia o rápido acabamento das guitarras, que passaram a ser customizadas (as "Custom") ao gosto do cliente que, pagando um acréscimo de 5%, podia escolher uma das 14 cores constantes do catálogo Fender.
Em 1965 Leo Fender vendeu a empresa à CBS Records que, depois de algumas experiências mal sucedidas com violas de caixa, desenvolveu uma linha mais económica, feita no Japão, com a denominação de Squire. Em 1995 a CBS vendeu a Fender a um grupo liderado por Bill Schultz, continuando a empresa, ainda hoje, a dominar o mercado das "solidbodies".
Leo Fender, que se manteve sempre ligado à inovação das guitarras eléctricas, quer como consultor, quer criando uma nova empresa, a Music Man, morreu a 21 de Março de 1991.
jp
3 comments:
A ilustração é que não se percebe,que Gibson é esta? Chamaram "Precision" ao baixo (foi um suceso de vendas) porque foi o 1º instrumento deste tipo a ser feito com o braço provido de "trastes" ao contrário do braço liso e por isso mais difícil de dedilhar as notas "precisas" (afinadas) do tradicional contrabaixo.
Não é uma Gibson. É uma Gretch. A foto não pretende ilustrar nem a Precision, nem sequer a Fender, que já foi apresentada na lição nº 3 na sua versão "Stratocaster de Luxe". As fotos são dirigidas à problemática ombros.
Quanto ao baixo, obrigado pela "precisão".
" a sensualidade não sobrevive ao exagero da postura" Que verdade que isto me parece! estamos sempre a aprender..
:)
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