6.8.07

OURO BRANCO

O engenho do açúcar era um conjunto de edificações interligadas composto pela casa de alvenaria que abrigava os picadeiros de pedra e cal onde se depositava a cana, pela casa da moenda, pela casa das caldeiras, pela casa de purgar e pelo telhal.
O processo de fabrico começava pela limpeza e preparação da cana, depois enviada para as moendas a fim de ser prensada. O caldo era posteriormente transferido para as caldeiras onde se procedia à sua fervura a temperaturas muito elevadas, fase em que se eliminava o grosso das imundícies da cana. Seguia-se as tarefas de purificar (com água e cinza das caldeiras) e coar o melado.
O melado era depois transfegado para as tachas (grandes recipientes de cobre) onde se procedia à cozedura até atingir o ponto ideal para ser batido. A substância era, então, depositada em formas de cerâmica de cerca de 32 litros e ia a arrefecer no tendal, sendo depois transferida para a casa de purgar, onde se processava a purificação com a adição de barro e água durante 40 dias. Por este processo o açúcar separava-se do melaço, efectuando-se, por fim, a secagem dos pães de açúcar em grandes caixas de madeira de jequitiba.
Um engenho de açúcar exigia grande investimento. No séc. XII estimava-se esse investimento em 50 000 cruzados para uma produção de 10 000 arrobas anuais: 40% para bois, carros e barcas; 20% para moendas; 20% para capital necessário ao início da exploração e 16% para aquisição de de 80 escravos. 4% eram para imprevistos.
Quando comerem um doce aproveitem para pensar na trabalheira necessária e nos escravos ultrajados que o açúcar deslocou de África. Talvez assim seja mais fácil emagrecer!
jp

1 comment:

Al Kantara said...

Mesmo arriscando parecer pró-esclavagista, o que é doce nunca amargou...