VIAGENS DE DE SONHO - LANZAROTE

Lanzarote não foi descoberta pelo Nobel José Saramago, mas pelo genovês Lanzelot Maloisel, em 1312. É a ilha mais oriental das Canárias, perto da costa marroquina. No séc. XVIII grandes erupções vulcânicas deram origem à fuga da população para outras ilhas. Filipe V proibiu o abandono da ilha sob pena de morte!

Vulcões adormecidos. Enormes crateras. Rios de lava. Geisers abrasadores. A terra rosnando sob os nossos pés. Basalto negro onde vinhas incipientes medram na humidade da noite. Casas brancas de janelas verde esmeralda. Um oceano infinito de ondas quentes. Vegetação luxuriante por entre o negrume das grutas vulcânicas.

É uma ilha diferente que vamos encontrar. Diferente porque alia a perservação da natureza e da arquitectura tradicional, ao modernismo publicamente exposto, devido à acção de César Manrique.

Pintor, escultor e arquitecto, César Manrique influenciou decisivamente a ilha, impedindo-a de ser mais um poiso para descarga de turistas de aviário.

Saiu da ilha com 23 anos, em busca de sucesso. Privou com todos os nomes relevantes dos movimentos cubista e modernista. Regressou à ilha com 48 e em 1968 e transformou Lanzarote. A sua arte nasce da simbiose entre a natureza abrupta da ilha, com o modernismo das suas intervenções.

Faz a sua casa (hoje museu) aproveitando bolhas de um vulcão extinto. Joga com o basalto preto, cortado pela tinta branca que ilumina as paredes. Miradouros em forma de cockpit de avião despenhados sobre o Atlântico. Uma sala de espéctaculos sob a cúpula de um vulcão. Por toda a ilha peças escultóricas de grandes dimensões, contrastando com casas muito brancas, quase alentejanas.

César Manrique coseguiu impôr regulamentos impeditivos de abastardamento arquitectónico, evitando a desfiguração da ilha (p.ex., todos os cabos estão enterrados). A pressão turística, porém, começou em meados dos anos 80. César Manrique morre em 1992. Aproveitem enquanto é tempo...

jp