14.2.10

TURISTA OCIDENTAL - NA TERRA DOS LUSITANOS (8)


É também em Viseu que vamos encontrar o inefável Fernando Ruas, Presidente da Câmara, que acumula com a Associação Nacional de Municípios. Fernando Ruas é um Presidente incontestado. E dura…dura…!

No Calcolítico, era já Fernando Ruas presidente da Câmara, quando, com grande visão urbanística, mandou erguer um castro celtibérico no local onde se situa hoje a Sé.
No tempo de Viriato, Fernando Ruas passou politicamente despercebido, o que só revela inteligência, dados os tempos conturbados que então se viviam.
Com a definitiva colonização romana (séc. I a.C.), Fernando Ruas assumiu-se incontestavelmente, promovendo a construção, mais a norte, de um acampamento fortificado, de estrutura octogonal, para acolher os legionários e a que deu o nome de Cava de Viriato, só para disfarçar.
Um pouco mais tarde, no morro da Sé, Ruas acabou por licenciar, no séc. VII, uma basílica suevo-visigótica.

Depois Fernando Ruas teve de se exilar entre 712 e 1057, data da reconquista definitiva de Viseu aos mouros por Fernando Magno, rei de Leão e Castela.
Este período é, aliás, extremamente agitado. Ataques e contra-ataques. A cidade permanentemente a mudar de mão. Mortos, muitos mortos, incluindo Afonso V, rei de Leão (1027), trespassado por uma agarena moura. Curiosamente ele era o pai de Dona Sancha que casou com Fernando de Castela. Desse casamento nasceu Afonso VI, de cuja filha Teresa nasceu Afonso Henriques.
Pois foi precisamente Dona Teresa, juntamente com D. Henrique, que aqui edificou um paço que esteve embargado vários anos, por falta de licença, mas acabou por ser declarado de interesse público, pelo regressado Fernando Ruas. Há quem defenda ter sido aqui que nasceu Afonso Henriques e não em Guimarães. Isto, caso não se prove que o rapaz era filho de Egas Moniz!
Por essa época, aproveitou-se para fortificar o morro, substituindo as muralhas romanas, entretanto arruinadas. Como agradecimento, os condes concederam a Viseu o seu primeiro foral, em 1123.

Depois, durante a crise de 1383-1385, Viseu foi incendiada pelos castelhanos.
Fernando Ruas, com a sensibilidade política que o caracteriza, de imediato convidou o vencedor, D. João I, que veio a Viseu com Dona Filipa, para o real parto de D. Duarte (1391). Foi construída uma nova muralha (a muralha afonsina), que também não durou muito devido à usura do tempo, às economias na argamassa e, principalmente, devido às mutilações provocadas pelo desenvolvimento da cidade.
Aliás, a ínclita geração teve presença marcante. No séc. XV, ainda antes de começar o devaneio marítimo, a cidade é doada a D. Henrique, a quem é concedido o título de Duque de Viseu. Fernando Ruas demorou um pouco a reagir e só em 1960 manda erigir uma estátua do Infante na rotunda que dá acesso à rua do mesmo nome.
A imagem da cidade, identificada com a mole granítica da acrópole da Sé e do Colégio, completa-se com a construção da Igreja da Misericórdia, com a sua fachada rococó, autorizada por alvará de Fernando Ruas, no séc. XVIII.

Das obras mais recentes do eterno Fernando Ruas destacam-se, logo à entrada de Viseu, uma rotunda, que nos remete para outra rotunda, donde se chega a outra rotunda, acabando, finalmente, noutra rotunda.
Felizmente, Viseu é só passagem. Não temos de parar. Menos uma canseira!
(A continuar)

5 comments:

Anonymous said...

Alguns anos seguidos o encontrei no mesmo local de férias :)
em Albufeira.

Boa noite de S. Valentim

Jorge Pinheiro said...

Um permanente retorno...
Igualmente, para eternos namorados.

Maria Augusta said...

Aqui na França também a moda são as "rotundas"...eles colocam até onde não tem cruzamento! E tem políticos que são assim mesmo, "eternos" e onipresentes.

Jorge Pinheiro said...

C'est la vie...

Silvares said...

Essa estátua do Infante estava, originalmente, na praça central, vulgo o Rossio, em frente ao edifício da Câmafa Municipal. Mas tinha um problemazito. O escultor (falha-me o nome) não calculou correctamente a distribuição do peso e a coisa caía para o lado em que o 1º Duque de Viseu segurava a esfera armilar e a espada. Vai daí, que somos gente desenrascada, teve de levar uma bruta cunha de ferro para se manter eréctil Era conhecido lá na terra como o Infante da Cunha. Agora foi deslocalizado lá para (mais) essa rotunda e fizeram-lhe um pedestal que dispensa cunha. Histórias...