Estava a Ordem de Malta a mudar-se para Roma, em 1834, quando, precisamente nesse ano, no auge do fervor jacobino-liberalista, é extinta em Portugal, por diploma que aboliu todos os conventos religiosos.
Mas os Hospitalários já andavam por aqui desde o tempo de D. Teresa, altura em que terá sido constituída a comenda de Leça, governada por um bailio.
A ligação à coroa sempre foi intensa: D. Afonso de Portugal, filho de Afonso Henriques, foi Grão-Mestre da Ordem dos Hospitalários.
Cada país ou região era gerido por um Prior (administrador geral). Vários países ou regiões formavam uma Língua (Portugal e Castela formavam uma Língua), cada uma chefiada por um Bailio Conventual. O governo central da Ordem pertencia ao Grão-Mestre, assessorado por um Conselho, onde tinham lugar os representantes de cada Língua. O Capítulo Geral reunia de 5 em 5 anos e detinha toda a autoridade.
Em Portugal, a partir de 1350, os cavaleiros da Ordem dos Hospitalários passaram a depender do Prior do Crato. Era um estado dentro do estado, com jurisdição cível e criminal própria, em diversas vilas e castelos. O Prior nomeava directamente os alcaides, os párocos e as autoridades administrativas, com excepção dos escrivães e tesoureiros das sizas.
Rapidamente os monarcas se arrogaram a legitimidade de designar o titular do priorado. Ou seja, o estado dentro do estado passou a estado do estado, única maneira de resolver o problema.
D. António Prior do Crato terá sido o mais famoso dos Priores da Ordem de Malta, enquanto pretendente ao trono e rei declarado durante alguns meses, na sequência da alucinada aventura de D. Sebastião e da crise dinástica que lhe sobreveio.
Após o interregno filipino, as ligações com a coroa tornaram-se ainda mais intensas. Foram sucessivamente priores do Crato, o Infante D. Pedro (futuro D. Pedro IV) e, ainda na qualidade de Infantes, os futuros reis D. João VI e o auto-proclamado D. Miguel I.
D. Maria I consegue agregar o Priorado à Casa do Infantado, através de bula papal (1789).
Em meados do séc. XVIII, a Ordem teria cerca de 32 Comendas e o impressionante rendimento anual de 95 contos!
Na imagem D. António Prior do Crato, rei de Portugal.
(A continuar)
2 comments:
Então, com Dona Maria I a igreja retornou com tudo!
Valha-me Deus,
só podia acabar louca...
A História são dois passos à frente e um atrás. Quando são mais passos para trás é muito mau sinal!
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