Myra entra na exposição como num santuário. Como num sonho. Encontra os escultores daquelas maravilhas.
Seriam “hippies”, “beatnicks”, “exitencialistas”… Gente diferente. Gente de outro mundo. De um mundo novo que ela não sabia existir. Um mundo louco, fantástico. Um mundo vivo. Um mundo que passaria a ser o dela. Conhece Robert Tatin e a sua mulher. Também nessa época conhece Sérgio Cardoso, responsável por um novo e importante impulso no teatro no Brasil. Conhece Di Cavalcanti, Flexor, Bonadei, Sérgio Millet. Tudo converge para a arte. Após forte insistência consegue que Tatin lhe ensine cerâmica. A disciplina imposta era dura. Quase monástica. Quando lhe disse que tinha uma filha de meses e marido, a resposta de Tatin foi imediata: “A filha podes trazê-la. O marido para que o queres”. Tatin adivinhou o que se iria passar. Tatin ensinou-a a ver. Myra tinha complexos de não ter aprendido a desenhar e a pintar. Tatin garantiu-lhe que isso era uma vantagem. Garantiu-lhe que se tivesse aprendido não estaria ali, estaria a fazer coisas horrendas. Durante meses fez muita cerâmica. Um dia Tatin deu-lhe um caderno, três pincéis, um lápis e guaches em azul, vermelho, amarelo, branco e preto. Tatin disse-lhe que se iam embora e que ela não podia continuar na cerâmica sem forno. Disse-lhe para pintar. Disse-lhe que como não sabia nada não teria medo de fazer loucuras. “Pinta, pinta, pinta com tudo. Quando não tiveres cores comerciais, pinta com café, com chá, com o que estiver à mão. Tudo o que faças terás de o sentir. Se não sentires não presta. O mundo e nós somos unos. Ou há harmonia ou não há. O que se busca não se encontra. Vive e encontrarás quando menos esperares. Desenha, desenha tudo o que vejas e principalmente aquilo que não vês. Tudo o que desenhares és tu. Abre bem os teus olhos e os teus ouvidos e todo o teu ser”. Nunca mais voltou a ver Tatin…
(continua)Seriam “hippies”, “beatnicks”, “exitencialistas”… Gente diferente. Gente de outro mundo. De um mundo novo que ela não sabia existir. Um mundo louco, fantástico. Um mundo vivo. Um mundo que passaria a ser o dela. Conhece Robert Tatin e a sua mulher. Também nessa época conhece Sérgio Cardoso, responsável por um novo e importante impulso no teatro no Brasil. Conhece Di Cavalcanti, Flexor, Bonadei, Sérgio Millet. Tudo converge para a arte. Após forte insistência consegue que Tatin lhe ensine cerâmica. A disciplina imposta era dura. Quase monástica. Quando lhe disse que tinha uma filha de meses e marido, a resposta de Tatin foi imediata: “A filha podes trazê-la. O marido para que o queres”. Tatin adivinhou o que se iria passar. Tatin ensinou-a a ver. Myra tinha complexos de não ter aprendido a desenhar e a pintar. Tatin garantiu-lhe que isso era uma vantagem. Garantiu-lhe que se tivesse aprendido não estaria ali, estaria a fazer coisas horrendas. Durante meses fez muita cerâmica. Um dia Tatin deu-lhe um caderno, três pincéis, um lápis e guaches em azul, vermelho, amarelo, branco e preto. Tatin disse-lhe que se iam embora e que ela não podia continuar na cerâmica sem forno. Disse-lhe para pintar. Disse-lhe que como não sabia nada não teria medo de fazer loucuras. “Pinta, pinta, pinta com tudo. Quando não tiveres cores comerciais, pinta com café, com chá, com o que estiver à mão. Tudo o que faças terás de o sentir. Se não sentires não presta. O mundo e nós somos unos. Ou há harmonia ou não há. O que se busca não se encontra. Vive e encontrarás quando menos esperares. Desenha, desenha tudo o que vejas e principalmente aquilo que não vês. Tudo o que desenhares és tu. Abre bem os teus olhos e os teus ouvidos e todo o teu ser”. Nunca mais voltou a ver Tatin…
16 comments:
TATIN representou a Lotaria na vida da MYRA !
> SE NÃO SENTIRES NÃO PRESTA<
Um beijo para ti, MYRA e um abraço para o JORGE.
Jorge, você estava lá???? srsr
↓
Tudo o que desenhares és tu.
Abrir-se!
MAiRAvilha adMYRAvel!
Como é esta entrevista?!
Que maravilha conhecer a história de Myra!!! Ela representa toda a força da mulher na história da arte! Parabéns pela biografia em capítulos! Estou seguindo religiosamente! Abraços! Lili Detoni.
Sim, Eduardo, estava lá. Eu estou em todo o lado :)
E eu vou levar a MYRA para o Algarve daqui a uns dias.
Quer vir, EDUARDO?
Atentamente seguindo os passos dados da adMYRAvel Senhora, dou comigo a ler trechos invulgarmente bem escritos!
Parabéns JORGE REIS!
Beijinho doce, querida MYRA!
ESTOU ADORANDO E NÃO QUERO PERDER NAAAAAAAAAADA DISSO AQUI! qUE MARAVILHA DE PROFESSOR TEVE MYRA!ABRAÇÃO,CHICA
Quisera eu, distraidamente, dar um titulo monárquico ao "Rei" das Letras descritivamente posicionadas sobre a vida da Myra!
Peço desculpa pelo lapso.
Os parabéns vão para Jorge Pinheiro, obviamente!
Beijinho terno
para que voces saibam, anos depois, eu me inspirei no que me disse Tatin, e escrevi um livrinho chamado "Si Sabes Ver"...
agradeòo as lindas palavras de voces!!! e ovio ao meu querido Jorge!
Que lição!!!
...Myra querida,
primeiramente obrigada pelo
convite,
e segundo digo-lhe do meu
carinho, amor e respeito
por tí mesmo antes de saber
desta história de vida tão
exemplo, tão linda cuja
protagonista é você!
vou seguir religiosamente
esta página que com certeza
nos trará muitos ensinamentos
para um viver feliz!
que maravilha quando Deus
coloca em nossos caminhos
anjos difarçados de mestres!
vc é linda!
Myra, gostaria de ler sobre sua escrita, que tal postar no seu blog!!!!
bjs
Olá Jorge,
Tô arrepiada com as palavras que escreveu, como pode o pensamento entendido e sentido ter toda essa força. Há quanto tempo foi isso? (parece que foi agora rsrs)Lia o que escrevia vendo a Myra contar, você desenhando as palavras que a voz dela ecoa na voz de Tatin. Lindo o escrito. A tua forma de expressar> Belo o dito. Percebido o momento vivido.
beijos imensos aos dois!!
Jorge, tu escreves muito bem!
Fica sempre o "gostinho de quero mais". Afinal, é sempre bom aprender com a vida da Myra.
Abraços!
Obrigado a todos. A "culpa" é da Myra.
Luísa: desculpadíssima, claro.
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