Em 1959 o destino atacou de novo. Mário Pedrosa convida Myra para ir ao Congresso Mundial de Arquitectos Artistas e Críticos de Arte, a realizar em Brasília. No dia da chegada Mário pede-lhe para ir receber ao aeroporto a delegação mexicana. No aeroporto viu três homens que, por mera intuição, reconheceu como sendo a delegação do México. Um, com cara de europeu, Jorge Crespo da Serra; outro, que parecia ter uma aura prateada e que parecia hindu, Miguel Salas Anzures; um terceiro, Horácio Flores Sánchez. Myra foi imediatamente atraída por Miguel. A sua cabeleira branca. A sua tez morena. Um contraste que a deslumbrou. Foi a ele que se dirigiu. Perguntou-lhe em inglês se eram a delegação mexicana. Ele, que odiava falar inglês, respondeu: ”Para siempre niña”. E assim foi. Um mês depois estaria no México. Uma nova etapa. Um novo país. Um novo amor. Seria o último?
A vida e Myra mudou radicalmente. De repente viu-se mãe dos cinco filhos de Miguel, de Dominique e esperando mais um filho que haveria de nascer em Outubro de 1960. Moravam, então, no bairro de Coyoacan, um bairro muito antigo e de uma beleza única.
Através dos contactos de Miguel, Myra entra no mundo intelectual e artístico mexicano: Jorge Olvera; Nacho López; Alberto Gironella; Bambi; Lilia Carrillo; Luiz López Loza; Vlady; Maria Dolores de la Peña, uma miga muito especial. Conhece artistas como Siqueiros, que a deslumbra e Cuevas, que não lhe diz nada.
É uma época de lutas enormes consigo mesma e com o que a rodeia. Época de mudanças e polémicas artísticas. Um permanente questionar de certa forma provocado por Miguel a quem não era reconhecido o devido valor. Miguel era fundador e editor da primeira revista de arte moderna no México – Artes de México – que ainda existe. Foi ele que organizou a Primeira Bienal Latino-Americana, ganha por Oswaldo Goeldi. Foi ele também que fundou o Museu de Arte Moderna. Naquele tempo, as suas ideias vanguardistas eram fortemente combatidas. No entanto, seria ele a abrir as portas à modernidade em todos os ramos artísticos no México.
No meio de todas estas “guerras” Myra sente-se perdida, estranha, mas nunca estrangeira. Percorre o México pela mão de Miguel. Um pais deslumbrante. Não pode pintar, Sente que se o fizer, acabará sendo mais uma pintora de “postais mexicanos”. Entra para a “Cidadela” para fazer gravação. Aí conhece Fernando Vilchis, Icaza, Belkin… Para ajudar a economia da casa começa a dar aulas de português, embora odeie ensinar. Um dia tem um ataque de amnésia a meio da conjugação do verbo amar e desiste de ensinar…
(continua)
15 comments:
MYRA
Vês?
Ainda esta noite, te enviei um mail em que te falava das diferentes formas de escrita do JORGE, e este, creio que mostra o que eu mencionava!
Versátil e SEMPRE MAGNÍFICO !!!
Parabéns aos dois!
Um beijo, MYRA e um abraço, JORGE.
Faço minhas as palavras do João!
E eu, senhores, fico sem palavras!
adMYRAvel Senhora, continuamos a apreciar o desenrolar da história,espectantes!!!!
A cada dia mais emoção ...Estou adorando!
Não vejo a hora do próximo post!
Eu aqui ADORANDO!
E ele era bem charmoso Myra, não foi a toa q se apaixonou!
Beijos
Maria
Olá Jorge e claro olá Myra.
Não existe nada, que mais me fascina do que a escrita de um artista que cria e recria a arte que a vida tem.
Estou encantada com tantos detalhes e sentimentos. Acontecimentos que só a vida é capaz de explicar.
Vocês dois estão nos dando grande prazer e nesse momento posso apenas agradecer tanta coisa que a palavra é capaz de reviver. Beijos e parabéns aos dois. (Aaah Jorge que delícia a sorte que tens rsrs!!srsrsr!!)
↓
É MAIRAvilhoso ler algo escrito assim"!
Fico no meu MYRAnte só observando...
mais uma vez agradeço as palavras de voces...e Jorge, quem tem sorte so eu, por ter encontado um amigo como voce...
beijos a todas e todos,
FAÇO MINHAS AS PALAVRAS DA SELENA: QUE DELÍCIA DE SORTE EU TENHO.
E muito emocionante ver a historia de uma vida conhecida en episodios..:)
Obridada Jorge pela tua dedicacao..:))))
Dominique
obrigada minha querida Dominique!é sim voce foi, e è a companheira de minha vida mas é divertido ver uma vida em episodios, como se fosse uma telenovela, neste caso, da tua mae:)))e Jorge é genial!!
beijossssssssss
Um prazer Dominique. Mais que um prazer uma admiração por Myra.
Estou a adorar esta história! Clap, clap, clap!!!
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