MYRA LANDAU - X

Depois de um período em Tecolutla, num espaço sem horizonte, numa praia de areias infinitas, Myra volta recuperada. Na sua mente ficaram traços que a água deixara na areia colorida. As distorções, as divergências, as convergências das ondas marcando a areia no seu constante fluxo e refluxo. Imagens captadas que era preciso pintar. A pintura passou a ser para ela uma necessidade urgente. Quando regressou a casa, por não ter dinheiro para comprar as telas, pinta de vermelho uma tela velha e faz raios utilizando pastel, uma oferta que tinham feito a Dominique. Finalmente Miguel dá-lhe força. Aprova o quadro. O quadro chama-se “Ritmo Partido I”. A partir daí, todos os seus quadros se chamam RITMOS. Foi aquele momento de ruptura, aquele corte de Micky que a fez mudar a sua arte. Desde então, Myra vai estilizando as suas pinturas e passa definitivamente a pintar em pastel sobre linho.

E foi então, mais uma vez, que o destino atacou de novo. A relação com Miguel vinha-se deteriorando a um ponto insustentável. Discussões sucessivas centradas em problemas ligados aos filhos de Miguel estavam a tornar impossível manter o casamento. Um dia Myra saiu para a rua desesperada, com vontade de fazer qualquer loucura. Em frente ao Café Paris reencontra Pablo, que tinha conhecido brevemente aquando da chegada ao México. Neste momento, e pela terceira e última vez na sua vida, encontra o amor. Miguel morre em 1966. Mas a vida de Myra continua no México. A vida artística e o amor com Pablo que se assume, então, de forma tumultuosa, passional, erótica, feliz e infeliz. Finalmente uma relação plena que nunca acabará apesar dele e apesar de Myra…
(continua)