A palavra fado vem do latim fatum, ou seja, "destino", é a mesma palavra que deu origem às palavras fada, fadario, e "correr o fado". A sua origem tem muitas teorias, mas nenhuma certeza. Sem grandes aprofundamentos, tem para uns autores filiação mourisca ou africana, e para outros surge como importação do Brasil, sob o espectro da tradição do lundum, que terá encontrado a expressão máxima com o acompanhamento da guitarra. O Fado está presente, desde o séc. XVIII, numa forma aproximada ao que existe actualmente. Na primeira metade do século XX, o Fado foi adquirindo grande riqueza melódica e complexidade rítmica, tornando-se mais literário e mais artístico. Os versos populares são substituídos por versos elaborados e começam a ouvir-se as décimas, as quintilhas, as sextilhas, os alexandrinos e os decassílabos.
O Fado de Coimbra distingue-se do de Lisboa. Muito ligado às tradições académicas da respectiva Universidade, o fado de Coimbra é exclusivamente cantado por homens e tanto os cantores como os músicos usam o traje académico: calças e batina pretas, cobertas por capa de fazenda de lã igualmente preta. Canta-se à noite, quase às escuras, em praças ou ruas da cidade. Os locais mais típicos são as escadarias do Mosteiro de Santa Cruz e da Sé Velha. Também é tradicional organizar serenatas, em que se canta junto à janela da casa da dama que se pretende conquistar.
O Fado de Coimbra é acompanhado igualmente por uma guitarra portuguesa (mais correctamente uma guitarra de Coimbra) e uma guitarra clássica (também aqui chamada "viola"). No entanto, a afinação e a sonoridade da guitarra portuguesa são, em Coimbra, diferentes das do Fado de Lisboa na medida em que as cordas são afinadas um tom abaixo, e a técnica de execução é diferente por forma a projectar o som do instrumento nos espaços exteriores, que são o palco privilegiado deste Fado. Também a guitarra clássica se deve afinar um tom abaixo. Esta afinação pretende transmitir à música uma sonoridade mais soturna, relativamente ao Fado de Lisboa.
No que respeita à guitarra portuguesa, Artur Paredes revolucionou a afinação e a forma de acompanhamento do Fado de Coimbra, associando o seu nome aos cantores mais progressistas e inovadores. (Artur Paredes foi pai de Carlos Paredes, que o seguiu e que ampliou de tal forma a versatilidade da guitarra portuguesa que a tornou um instrumento conhecido em todo o mundo).
Imagens de uma noite de fados na A Capela, em Coimbra.
7 comments:
JP que maravilha de aula. Adorei! E o Fado é sempre lindo, lindo!
Um beijo, CON
Que AULA!
Adorei!
realmente sim, é uma aula, e que bem voce escreve! gostei imensamente, bjs
Grande aula! Um dia ainda vou a Coimbra ouvir um fado!
Uma sonoridade única!
Espero que não vendam o fado de Coimbra, porque o de Lisboa já ouvi em espanhol. Sem castanholas...
Eduardo: temos de organizar uma excursão vinda daí. Eu faço de guia. A Li e a Conceição tb querem vir...
Mena: vá lá... não tinha castanholas!
Grande idéia!
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