COIMBRA - REPÚBLICAS

Na imagem a "Real República do Prá-Kys-Tão", uma das cerca de 30 Repúblicas que existem em Coimbra, todas elas com nomes extraordinários. Esta tradição, embora em menor número de "casas", existe também em Lisboa e Porto e foi "exportada" para o Brasil.

Uma república ou solar de estudantes é uma organização sem fins lucrativos destinada  a albergar estudantes do ensino superior e gerida por estes. Em Portugal tem enquadramento legal. As suas origens remontam ao século XIV. D. Dinis, por diploma régio de 1309, promoveu a construção de casas na zona de Almedina, em Coimbra, que deveriam ser habitadas por estudantes, mediante pagamento de uma renda, cujo montante seria fixado por uma comissão, expressamente nomeada pelo Rei, constituída por estudantes e por "homens bons" da cidade. É assim que, a partir de um tipo de alojamento comum, permitindo minimizar os encargos financeiros, viriam a surgir, por evolução, as actuais Repúblicas. Ainda hoje as "casas" se caracterizam pela exaltação da vida em comunidadede e pela  democraticidade das decisões que são geralmente tomadas por unanimidade. Todos os membros são responsabilizados na gestão da "casa".

Os candidatos, depois de aceites, ficam algum tempo à experiência. Chamam-se Plebeus. Mais tarde são sujeitos a votação dos restantes residentes. Se aceites passam a ser designados por Repúblicos. Todos os residentes permanentes são iguais, com os mesmos direitos e obrigações. Abandona-se, assim, o conceito de hierarquização na vida académica, normalmente associado às "praxes" dos caloiros e à obediência aos mais velhos. Numa República todos são iguais, independentemente da idade ou do ano académico.

Uma República distingue-se de outras pelo seu objectivo. Para além do estudo das disciplinas do respectivo curso,  procura também ensinar-se um “saber viver”, um “saber fazer” e um “saber dizer” utilizando a vida boémia e os convívios para despertar o debate e reflexão por temas mais complexos.

Em Coimbra, a maioria das Repúblicas estão agrupadas no Conselho de Repúblicas (C. R.), que se reúne a pedido de qualquer uma das Casas que o compõe e toma as suas decisões por unanimidade.

No Brasil, durante o reinado de Dom Pedro II, com a fundação da Escola de Minas, em Ouro Preto, em 1876, pelo cientista francês Claude Henri Gorceix, começou-se a formar uma cidade universitária, com tamanho e características apropriadas, capaz de ver florescer as repúblicas de estudantes e onde estas se tornaram o centro da vida estudantil, congregando tradição, história e costumes próprios. Ao redor da Escola de Minas foram-se formando Repúblicas de estudantes, nos mesmos moldes das repúblicas de Coimbra, sendo que as casas passaram a ser propriedade da Escola a partir da mudança da transferência da capital do Estado para Belo Horizonte, em 1890, e cedidas aos estudantes que pagam uma renda reduzida.

Para além das Repúblcas ligadas à Escola de Minas (e que são várias dezenas), esta tradição existe, ainda, em Botucatu e Jaboticabal.