“... Myra mantém-se como uma continuadora do expressionismo, enquanto este recusa e se opõe aos métodos da ciência positiva do expressionismo abstracto. Poucos artistas expressionistas terão sabido tão bem defender-se dessa contaminação espiritual do ambiente. A abstracção como uma arte, fora de toda a configuração.
Conceptualmente, Myra sente mais afinidades sente afinidades com o escultor brasileiro radicado na Europa, Sérgio Camargo. Camargo Também não procura uma ordem estritamente racional, mas antes os encontros que a sorte tece e que uma sensibilidade não reprimida por regras e formalismos permite. O ritmo e a improvisação atingem, assim, harmonias desconhecidas pela ciência positiva, tanto em Myra como em Camargo.
Podemos estabelecer uma ponte entre a arte anónima do mundo pré-hispânico do México e Myra Landau. No meio, estaria a influência das tapeçarias persas e da arte oriental, da Arte Nova, de Klint, de Klee e de Kandinsky. O sentido é o mesmo. Podemos, por isso, falar da universalidade e da força inconsciente na arte, ao ter assimilado tais influências e ao saber traduzi-las numa criação rítmica que abarca muitos ciclos.
Tal como em muitos outros artistas “do êxodo”, a arte de Myra é um exemplo de integração num mundo novo e da desintegração de um outro já caduco. Produto do seu tempo, a obra e Myra é um indício da fatalidade derivada de desintegração e, por outro lado, uma amostra do processo de integração histórica, no qual o conceito artístico - imutável? – permanece por detrás dos formalismos circunstanciais.
A obra de Myra é uma obra mágico-poética. Subtil, delicada, obsessiva, ascética nos meios e mística nos fins. Poderosamente forte e carregada de uma humanidade animal e libertária, a obra reflecte inteiramente a personalidade da autora. Uma obra em busca da colectividade, do ritual comunitário e da magia, invocada para nos salvar da senda obscura de uma razão enlouquecida pelo “deus” maldito do progresso e do dinheiro”
Os episódios XXVII, XVIII E XIX, são excertos de um trabalho do historiador e crítico de arte, Fernando Cancino, sobre a obra de Myra.
(continua)
4 comments:
A PERSONALIDACDE DE MYRA ESTÁ EM TUDO QUE ELA MOSTRA E ADORO VER CADA PEDACINHO DE SUA VIDA! abraços,lindo fds,chica
Obrigado Chica. Bom fds.
Myra: uma obra de abstracionismo poético de primeira grandeza.
Maravilha ter essa continuidade de explicação do processo de Myra.
Parabéns Jorge.
bjs
JU. obrigado. Para a semana continua.
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