“... Dentro deste estilo de “abstracções geométrico-informais”, as suas primeiras obras são desenhos nas páginas de um caderno. Depois, seguem-se as telas, quase sempre num fundo encarnado, com traços em pastel, como raios livres.
A partir daí, Myra começa a integrar linhas, elementos simbólicos, alegóricos, significativos. O suporte deixou de ser o linho cru ou colorido de encarnado, para ser substituído por pedaços irregulares de cartão. Nestes quadros a cor natural era aproveitado, bem como as manchas acidentais que o tempo ocasionARA. Sobre esse suporte, Myra desenhará linhas e signos.
Esta vinculação do objectivo ao subjectivo, do material ao espiritual, conduzirá a uma visão abstracta do “objectivo real”, realizando simplificações fotográficas de páginas preenchidas por escritos, versos, palavras simples, escritas pelo seu punho. Atinge, então, texturas visuais que emergem destas caligrafias, em que a leitura pouco importa, face aos ritmos que se cruzam, lembrando antigas escrituras orientais ou códigos pré-hispânicos. Estes grafismos acabarão por ser abandonados. Tal como a fase das placas de cobre. Surgem imitadores e isto fará Myra desistir. Continuará com as suas linhas, com os seus raios sobre linho cru.
Neste período de abstraccionismo geométrico-informal, a linha quebra-se na maioria dos casos concentricamente, ou se entrelaça e irrompe sobre outras. Curioso notar que a linha nunca será traçada de acordo com uma regra ou qualquer medida.
Os quadros actuais diferenciam-se destes, por não estarem planeados de antemão. A linha brota de vários pontos e daí automaticamente prolonga-se em diversas direcções. Uma linha de uma cor, outra de outra cor, uma terceira ainda de nova cor. O beje da tela crua, uma semelhança evidente com a areia da praia de Tecolutla, será, de maneira quase definitiva, o fundo para todos os quadros que se haveriam de chamar, maioritariamente, Ritmos”...
(Continua)
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