3.12.10

CAUSAS DA DECADÊNCIA DOS POVOS PENINSULARES - 3

"Rasga-se o séc. XVI e com ele aparece o mundo da Reforma. Um grito unânime saiu dos representantes da ortodoxia opondo-se ao desafio de Lutero, Zwingle, Melanchthon e Calvino. Reis, povos, sacerdotes, todos clamavam pela reforma. Mas que espécie de reforma? A maioria dos bispos e das populações pronunciava-se por uma reforma liberal, aproximando-se da conciliação com os protestantes. Era esse, aliás, o espírito das igrejas peninsulares. Em Roma, porém, a solução que se dava ao problema tinha outras componentes. O ódio e a cólera dominavam os corações dos "sucessores dos apóstolos". Repelia-se com horror a ideia de conciliação, da mais pequena concessão. Pensava-se que era necessário reforçar a ortodoxia, concentrando, disciplinando e centralizando. Emperdernir a Igreja, para a tornar inabalável. Era a opinião absolutista. Um partido representante do Papado que triunfou. E esse triunfo foi uma calamidade. para as nações católicas. S. Bartolomeu dos Mártires e os bispos de Cádis e Astorga representaram no Concílio de Trento a última defesa e protesto das igrejas peninsulares contra o ultramontanismo invasor. Perderam. Hoje as nações mais decadentes são exactamente as mais católicas. Com a Reforma estaríamos hoje, talvez, à altura da Alemanha, Suiça, Holanda, Inglaterra, Estados Unidos. Estaríamos mais livres e prósperos... mas Roma teria caído!"
(Continua)

5 comments:

Anonymous said...

Conhecer a HISTÓRIA do PASSADO, para poder entender o PRESENTE e se possível vislumbrar o FUTURO!

Anonymous said...

Caríssimo
Como sabes não há "SEs" em História. Já reparaste na tara que os povos da peninsula itálica têm por imperadores pomposos, desde o tempo dos romanos, basta ver o acolhimento que deram à família do Napoleão I mesmo depois da sua queda, já para não falar no Papa, no patético Duce ou no ridículo Berlusconi. Nós, os da peninsula ao lado fomos uma espécie de primos pobres e embasbacados.
Já agora: as mais decadentes porquê? o sistema deles (do Norte) é que chegou ao fim, vamos ver nos tais próximos 20 anos quem se adapta melhor.
Ortega

Jorge Pinheiro said...

O nosso sistema é um copy paste da "europa social" do norte. Entrámos na CEE, na UE, na Zona Euro... A perspectiva do Antero seria muito datada, como referi a princípio (1871). São causas. Agora temos as consequências. O futuro? O Antero não sabe...

Jorge Pinheiro said...

Ortega: o Antero não podia adivinhar, mas já agora vale a pena dizer que, até ao presente, tudo lhe dá razão. A transição para a república foi violenta. A I República nada adiantou. Apenas trouxe outra vez o absolutismo centralizador, pacóvio e católico de Salazar. O 25 de Abril devia ter sido no séc. XIX. O actual regime é o que se vê. Alemanha, Suiça, Holanda, Suécia, etc, para já aguentam-se. A questão é que tu ssbes que este é um país de pacotilha. Eu tb. não queria ser alemão, mas os factos históricos estão aí. Quem não tem força, nem dinheiro, sujeita-se.

daga said...

bem, Jorge, já percebi de onde vem o paralelismo política/religião que tens estabelecido... o Lutero tinha toda a razão para "virar a mesa" como fez (ainda levei um sermão do meu pai por ter dito que Lutero tinha razão,mas tinha!) Agora que os Estados fiquem atrasados (só) por causa da religião... então e a Alemanha de Hitler? (sei que o Antero não poderia prever), mas entre nós dois: o que se passou aqui foi de cariz económico e não religioso (e agora não me venhas dizer que o estupor era austríaco, que os Austríacos são católicos etc). A única coisa que pretendo defender é que a política mal gerida não é apenas resultado desta ou daquela religião, os alemães já tinham a sua reforma e no entanto foram votar nele porque estavam a morrer à fome. E depois já não puderam tirá-lo de lá.
beijos