Na Grécia os juros da dívida pública a um ano atingiram já o inacreditável
valor de 110%. A bancarrota é inevitável. Mas a tragédia não é grega. É
europeia. Os restantes países vão cair em cascata. Não haverá salvação?
Contrariamente aos USA, a União Europeia aposta no agravamento de impostos e
nos cortes de despesa pública. A recessão e o desemprego são a resposta para compor
as finanças do Estado. Nos USA aposta-se na economia para debelar a crise. Vão
baixar impostos e criar investimento público (a velha receita “keynesiana”).
Independentemente da discussão académica sobre qual a melhor solução, há um
questão central. E essa não económica. É política. Os USA são um estado
federal. A Reserva Federal Americana (FED) fixa juros iguais para todos os
estados. Os juros da dívida pública do Alasca são os mesmos do Arizona. Na
Europa não há harmonização de juros, porque não há estado federal. Porque não
há uma política fiscal, orçamental e económica conjunta. Os Estados têm de ir
ao mercado. E os mercados só olham a números. Na Europa, os países “Triple A” (Alemanha,
Holanda e Finlândia) não aceitam os “eurobonds” (obrigações europeias), que
permitiriam harmonizar os juros e sair desta espiral insana. Não aceitam porque
perdem soberania e, principalmente, porque pagariam juros ligeiramente
superiores aos que pagam agora. Quando a União Europeia rebentar, esses países
vão perder o seu mercado natural. Talvez então percebam que deitaram para o
caixote do lixo um projecto único e irrepetível. Será tarde. Os egoísmos pagam-se
caro.
13.9.11
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5 comments:
Tens razão, Jorge. Ha quem tenha telhados de vidro e continua a atirar pedras aos vizinhos...
Jorge,
quem vê a crise europeia aqui da Piacaba não poderia ter o direito de opinar, mas continuo acreditando que a União dos Países Europeus veio para ficar! Alguns ajustes políticos e financeiros, como um Banco Central Único, e regras financeiras igualitárias, podem reerguer o Euro como moeda única. Agora, o que não faz sentido é permitir descontroles econômicos financeiros como os da Grecia, e outros, e contar com uma Alemanha e França para arcar com os prejuizos! Mas tenho certeza, sairão dessa crise fortalecidos, mesmo porque o "inimigo" vem aí, e contra o mercado Chines precisamos estar preparados!
Eduardo: concordo que houve desmandos financeiros (e muitos) na Grécia (e cá também). Mas a questão é mais complexa.Os bancos da Alemanha financiaram para além do razoável a Grécia, qd era óbvio que já não podiam pagar. Sim o sistema financeiro é o principal culpado. Mas, agora, o que está de facto em causa, é a permanência do projecto europeu.
O projeto europeu só vingará com uma unificação FISCAL e controles únicos de um só BANCO CENTRAL, que subordine os Bancos Centrais de cada país da UE. Um continente não pode se unir, unicamente, com a moeda, sem políticas únicas que as defenda!
TOTALMENTE de acordo.
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