As Personalidades desafiam o mito. Evocam máscaras gregas.
Pessoas que se transformam em deuses. As Personalidades transcendem os destinos
breves que nos rodeiam. Alargam os horizontes da nossa mortal condição. Simbolizam
a efeméride da vida. Gente que faz História, que fica na História, que é
História. As Personalidades perpetuam o nosso ego para além da morte. Somos nós
que as mantemos vivas. De certa forma, as Personalidades somos nós.
Todos temos personalidade, mas só alguns são Personalidades.
Só em alguns reconhecemos um mérito para além do normal. Uma transcendência
invulgar. Uma identidade fora do comum. Esta é a verdade. Não há Personalidades
“normais”. A normalidade não faz História. A normalidade é uma média que serve
estatísticas. É estudada como ciência. É o sonho de qualquer político. A
ambição de todo o economista. Gerir “homens normais”. Felizmente para a
Humanidade há Personalidades.
Sempre que contamos a história de alguém. Sempre que fazemos
uma biografia. Sempre que repetimos o que ouvimos, estamos a dar uma dimensão
mitológica a esse alguém. A conferir-lhe a eternidade. A personalidade torna-se
Personalidade. Esbatem-se os contornos mesquinhos do seu dia-a-dia e a pessoa
emerge como uma lenda de si própria.
Todos temos características que podem fazer de nós lendas. É
preciso é que a nossa história se repita. Que alguém se lembre de nós. Que
alguém conte as nossas vidas. Alguém que nos perpetue. São os escritores, os
romancistas, os contadores de histórias que fazem de nós heróis. Sem eles a
memória não se reproduz. Sem eles a nossa existência dilui-se na inócua
estatística da realidade média. No esquecimento da mortalidade inevitável. A
verdade é que todos somos Personalidades, mas nem todos temos quem conte a nossa
história.
Texto que escrevi para introdução ao capítulo "Personalidades", das "Crónicas Maquistas", livro a editar pelo meu amigo Luís Machado, em Macau.
10 comments:
meu querido, como voce escreve bem, gostei imenso deste texto para o livro!
sim voce tem razao!
Subscrevo inteiramente e escreves fabulosamente bem! Parabéns mais uma vez!
Palpitou-me que tinha a ver com Macau !
Como estive lá e assisti à entrada do novo ano chinês, logo me veio à memória os festejos com os dragões, a que assisti sentado no chão à frente do General Rocha Vieira.
Mesmo assim, um fotógrafo chinês resolvei implicar comigo. Consequência : Não fiz nada de jeito !...
Gostei muito desta sua introdução ( Havia maneira de não gostar, porventura ? ) !
Achei engraçada ( e verdadeira, por outro lado ) esta frase :
> A personalidade torna-se Personalidade. Esbatem-se os contornos mesquinhos do seu dia-a-dia e a pessoa emerge como uma lenda de si própria. <.
E esta :
> A verdade é que todos somos Personalidades, mas nem todos temos quem conte a nossa história. <
Grande abraço deste seu admirador e amigo.
João: o livro das Crónocas Maquistas desse meu amigo só vai sair lá para o fim do ano que vem. Eu fiz introduções a todos os capítulos, em vez de um prefácio. Originaliadades! A foto, essa é do noedeste transmontano. Abraço.
E eu no final de 2013 ainda andareipor cá ???
Vou ver se me estico só DEPOIS...
Os erros no português são devidos à atropina. estou com as pupilas dialadas e cheio de cataratas. devem ser do Niagara...
Quer que o meu filho o opere ?
É uma oportunidade de vir até ao Porto !
Uhmmm... Vou pensar.
Tem é de ser marcadoa com alguma antecedência...
Tem alguma convenção ?
João: ainda não vou fazer já. Só mais para a primavera. Obrigado.
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