O poderio otomano poderá ter tido origem na decadência dos países muçulmanos, mas a partir do século XVI a decadência é geral. O Império otomano não era mais do que um exército acampado em países conquistados. Os sultões eram apenas a família de Osmã, o fundador da tribo, com poder absoluto, emir, califa, basileus e Kaiser-i-Rum (César de Roma) e o direito de mandar executar os varões da sua família, para extinguir ressentimentos, tudo a "bem da nação". Mas esse poder era ilusório. Na verdade, o Império era governado por escravos e renegados. Os "janízaros" eram cristãos eslavos e constituíam a guarda pretoriana que, em breve, assumiria a gestão do Império. O conselho de vizires (ministros) era conhecido como "mercado dos escravos". Era necessário adoptar as invenções europeias e o Corão não tinha previsto a formação de técnicos. O sultão passou rapidamente a ser o membro da família Osmã, delegado ao poder pelo exército dos janízaros. As intrigas de harém e as más alianças estratégicas acabaram com um Império obsoleto que não conseguiu acompanhar o progresso europeu. Após a derrota sofrida pelo Império Otomano às mãos dos Aliados, na I Guerra Mundial, e os planos subsequentes para a partilha de seu território, Mustafa Kemal liderou o Movimento Nacional Turco, naquela que se se tornaria conhecida posteriormente como a Guerra de Independência Turca. Após estabelecer um governo provisório em Ancara, derrotou as forças enviadas pela Tríplice Entente. As suas campanhas militares bem-sucedidas asseguraram a libertação do país e a proclamação da república. Ataturk, o "pai dos turcos" seria o primeiro presidente da Turquia e embarcou num ambicioso programa de reformas políticas, económicas e culturais. Um admirador do Iluminismo, Atatürk transformou as ruínas do Império Otomano numa nação-Estado democrática e secular. O "kemalismo" continua a ser a base política do Estado turco moderno. A Turquia é um Estado "tampão" essencial à segurança da Europa. Hoje assistimos, com preocupação, a uma viragem política para um certo fundamentalismo islâmico. A Turquia divide-se: metade é europeia, o resto nem tanto. As lutas da Praça Taksim são isso mesmo: a indecisão entre a religião do Estado e o Estado sem religião.
16.6.14
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2 comments:
Aqui, como na imagem do post anterior, os lustres/candeeiro roubam a cena.
espero que continue a garantir a segurança da Europa (se é que isso é possível) a última frase está esclarecedora e poética!!
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