Havia Jerusalém e Roma. Depois inventaram Lurdes. A Península Ibérica mantinha-se fora do "turismo religioso".
O "turismo religioso" era já uma actividade muito lucrativa desde o distante ano de 326, data em que Helena, mãe do imperador Constantino, se dirigiu a Jerusalém e descobriu o Santo Sepulcro. Na ocasião a "imperatriz" descobriu também a Verdadeira Cruz, iniciando a "caça à relíquia", passatempo que se viria a revelar um sucesso, de tal forma que no sèc. XVI, segundo Erasmo, seria possível construir um navio mercante com os fagmentos da Cruz!
Santiago de Compostela, 700 anos mais tarde, viria a ser um êxito. Um verdadeiro "case study" de marketing turístico que lhe garantiu a primazia religiosa na Península durante mais de nove séculos. Portugal só no séc. XX se lembrou de Fátima, mais uma vez revelando enorme falta de visão e de ambição.
Parece que há seis rotas principais para Santiago, mas o verdadeiro "Caminho" nasce à porta de cada um de nós. Os homens continuam a partir em busca da "cidade ideal". Partem por desespero, por amor, por aventura... Partem procurando um recomeço, uma renovação.
É bom existirem lugares de peregrinação. Mesmo que não se encontre Deus, pode ser que nos encontremos a nós, o que, provavelmente, é a mesma coisa!
(jp)
Excerto da crónica "Compostela" que integra o livro "Turista Ocidental", a ser lançado a 19 de Maio no Lagar de Azeite, em Oeiras.
1 comment:
o excerto promete e vem muito a propósito.
e que tal um enxerto dois em um
de "fátimacomcostela e batatinhas" para servir aos peregrinos?
Pois, para encontrar Deus, ou a nós, como tu dizes e muito bem a meu ver,prefiro peregrinações mais exóticas e com mais pecado!
bjs
bikini
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