Onde está o mar? Dantes Cabanas era uma pacata aldeia de pescadores. Havia um único restaurante, o "Zé Afonso", povoado por "hippies" que aqui chegavam fugindo ao bulício turístico de Albufeira e Portimão e comprava-se peixe no velho armazém do "primo" Vivaldo. Trinta anos depois, fiquei esmagado com a construção construída e a construir. Isto em plena Ria Formosa?! E a galinha sultana, símbolo do parque natural, já lhe perguntaram o que pensa disto? Que será feito de todos esses ecologistas que há bem pouco tempo lambiam cinzeiros?
De facto não há como os portugueses para vender terrenos. No Algarve vendem-se os "restos de Portugal"... E já há poucos "restos", muito poucos. Vai-se avançando na serra acima. Por todo o lado alemães, suecos... ingleses. Sobra, ainda, um pouco no meio do "deserto algarvio" entre Cachopo e Martim Longo, mas será por muito pouco tempo.
De repente lembrei-me dos Cónios. Os Cónios, descendentes dos Lígures, eram rapaziada simpática que, desde 1000 a.C., ocupavam a região entre o "ingum Cyneticum" (Cabo de S. Vicente) e o Anas (Guadiana) e já então tinham imenso jeito para imobiliário. Com tantas invasões foram o povo que menos se mexeu em toda a península. Quase não sairam dali. Com uma breve excursão às margens do Tejo, onde levaram na corneta dos intratáveis Lusitanos, podemos considerar os Cónios verdadeiros imóveis.
Quando era caso disso, vendiam as terras e ficavam de jardineiro ou tratadores de piscina. Na invasão seguinte compravam ao desbarato, para revender na próxima, com mais valias. Quando os invasores vinham menos abonados faziam parcerias ou arrendavam. Finalmente inventaram o "time-sharing", dada a profusão de bárbaros que queriam invadir estes areais permitindo, assim, uma desejável rotação.
Só assim se explica que resistissem a tírios, fenícios, cartagineses, celtas, romanos, vândalos, alanos e godos, entre outos turistas acidentais. Só fraquejaram um pouco com os berberes... Mas também se percebe: quatro mulheres para cada homem!
(jp)
4 comments:
Isto é muita areia para a minha
camioneta !!!!
ai Meu Deus, tenho que ler isto outra vez, mas com calma.
Com tantos tírios, fenícios, cartagineses, celtas, romanos, vândalos, alanos e godos, e os mais que venham, perdi o fio à meada.
Quem já viu Cabanas e quem a vê hoje... só pode recordar os bons tempos que isto já foi... Infelizmente as pessoas não sabem dar valor ao que têm e ao trazerem para cá o betão só vão fazer inversamente o contrário do que se pretende.
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