28.8.07

BARQUINHO II

Embora com risco de enjooar, vomitar, ter claustrofobia ou mesmo agarofobia, desta vez resolvi ter uma atitude corajosa e, tal como o Caetano, decidi que "navegar é preciso".
O iate "Mathilda" tem antepassados australianos e macaístas. Está agora na marina de Sesimbra. É um iate de colecção, mantido com desvelo pelos meus primos.
Num barco tudo é difícil. Tudo é contra natura. é preciso amarrar tudo. As coisas escorregam por todo o lado. Não se pode deixar um canivete à solta. Pode dar naufrágio. O mar não é, definitivamente, o meu elemento. Eu é mais terra. Deve ser do signo!
Tudo tem de ser previamente previsto e preparado. Não há lugar à improvisação. Mais uma vez não estou no meu elemento e agora não é do signo. No mar alto não há ATM, não há bombas de gasolina, não há sequer um mini-mercado...!
Eu disse barco, mas é navio, paquete, veleiro, chata, iate, traineira... Sei lá. Barcos, só na banheira! Também não se pode deizer cordas. São cabos. Janelas que são escotilhas. Passa o "crock". Põe as defensas. A convidativa sala de estar, não passa de cabine... Enfim, para quem está "por fora" o melhor é falar de política ou futebol.
Imaginem que para tirar a carta de patrão de alto mar espetam connosco todos vestidos, sapatos e tudo, dentro do mar e, depois, temos de conseguir voltar ao barco, perdão, ao navio, de preferência vivos. É o mesmo que, para tirar a carta de condução automóvel, sermos lançados em plena A1, em hora de ponta, só para ver se conseguiriamos não ser atropelados. Safa!
jp

3 comments:

ortega said...

E aquela sensação fantástica de ficarmos desligados do mundo e das sua contrariedades? Enfrentar os elementos: mar, vento, vagas. Não há nada mais estimulante excepto "aquilo que sabe bem mas parece mal". Deixa-te de mariquices e anda mas é navegar mas desta vez à vela (não é "à vela" no sentido corporal).

Al Kantara said...

O meu amigo Expresso da Linha é mais do motor a diesel. P'rá vela é preciso barba rija. Eu, confesso a minha predilecção por imperiais e ameijoas à Bulhão Pato. São vidas...

Jorge Pinheiro said...

Caro Ortega, acho que prefiro "o que sabe bem mas parece mal". Mas talvez deixe crescer a barba e vá à vela, nem que seja para ter matéria para este "jornalinho".