26.8.07

MIRA

Era uma foz larga num fim da tarde prateado. Águas mansas que cheiram ainda às estevas da serra algarvia.
O rio nasce no Caldeirão e percorre 145 km até desaguar em Vila Nova de Milfontes. Juntamente com o Sado, são dos poucos rios da Europa que correm para norte. Em vez de, confortavelmente, se espetarem logo ali em Ferragudo ou Armação de Pera, optaram por fugir ao turismo algarvio e decidiram dar frescura por esse Alentejo acima. São rios corajosos. Escolheram o caminho mais difícil. Bem hajam por isso!

No cais o barquinho aguarda. Subimos rio acima até ao "Moinho da Asneira" ou do Freixial. É um antigo moinho de maré que deverá remontar ao séc. XVII.
Esta sempre foi uma zona de moinhos de maré, havendo conhecimento da sua existência desde 1488. No princípio do séc. XX, de montante para juzante, havia ainda a funcionar cinco moinhos de maré: de Roncão; das Moitas; do Loural; do Bate-Pé e da Asneira. Visitar as suas ruínas, com adequada "interpretação", pode ser uma proposta aliciante. Deixo sugestão para www.mauscaminhos.com.
Todos os moinhos deixaram de laborar há cerca de 50 anos. O Moinho da Asneira deixou de moer, definitivamente, no princípio dos anos 70. O último moleiro, António Domingos dos Santos, vendeu-o a um inglês que, por sua vez, vendeu a um empresário holandês. Hoje é empreendimento turístico com vago cheirinho à época "hippy". O aparelho de moagem, esse, foi desmantelado!
jp
Nota: em www.Milfontes.Net pode ser consultado a edição "Rio Mira - Moinhos de Maré", de António Martins Quaresma, muito interessante quanto à "epopeia" destes moinhos.

5 comments:

maria antunes said...

Mira, só conheço a praia.

Jorge Pinheiro said...

O rio Mira é ligeiramente mais a sul. Zona muito interessante e, ainda, fora dos grandes circuitos turísticos.

clau said...

No rio Sado também existem pequenas viagens de barco para conhecer toda a reserva. Ainda não o fiz (que vergonha!!!), mas estou a pensar seriamente nisso. (sem querer puxar a brasa à minha sardinha...)

Jorge Pinheiro said...

Sardinhas e golfinhos!

Anonymous said...

Belo trecho!
Quem diria que uma paisagem tão calma permite toda essa interpretação!?
Não são nada "maus caminhos"!