Sem ombros perde-se a atitude. A expressão foge. O corpo é incapaz de se manifestar. Cala-se a sensualidade. O desejo fica por imaginar.
Numa época de profundas e rápidas alterações tecnológicas, não deixa de ser curioso que as guitarras eléctricas se possam considerar estabilizadas desde que a Fender produziu a "Telecaster" nos anos 50.
Numa época em que se passou do telégrafo e do telex para o SMS e para o mail, em que o computador viaja connosco no bolso, juntamente com o telemóvel e o IPod, houve muito poucas inovações nas guitarras eléctricas nos últimos 50 anos.
Houve algumas tentativas de inovação a nível do "design", nem sempre bem sucedidas. Alguma inovação tecnológica ao nível do aperfeiçoamento dos "pick-up" e dos vibratos. Fizeram-se experiências com a introdução de novos materiais, como é o caso da fibra de vidro para as caixas da "Ovation" ou dos braços em grafite, que nunca ameaçaram a tradicional construção em madeira.
Houve, sim, evolução e crescimento exponencial de vendas a nível dos equipamentos externos de efeitos. Processadores que transformam o som da vibração das cordas da guitarra. A viola eléctrica, porém, essa continua a reproduzir esses "velhos" sinais eléctricos das seis tradicionais cordas ou, no caso dos baixos, das 4 cordas.
Nem sequer vingaram as violas de 12 cordas, que podemos considerar um epifenómeno, ou as violas de 7 cordas, que não passaram de mera curiosidade harmónica. Nos baixos, a guitarra de seis cordas tem utilização intermitente. Às vezes estão na moda , outras não. Nem me recordo de um baixista que toque exclusivamente baixo de 6 cordas.
A era da electrónica introduziu dois novos instrumentos baseados na guitarra. Mas nenhum deles a substituíu. A guitarra sintetizador é um produto híbrido resultante da evolução dos teclados sintetizados. A informação é processada, funcionando o braço como um teclado. Acaba por ser um uma espécie de piano para um guitarrista que não domina as teclas. Tem utilização limitada e poucos praticantes. O outro novo instrumento é a "Chapman Slick" (na foto) que nem sequer soa a guitarra e utiliza a técnica de "tapping" com as duas mãos (i.é, em vez de de os dedos da mão esquerda deslizarem nas cordas e os da mão direita dedilharem, no "tapping" há uma percussão com os dedos nas cordas, como se fossem teclas). Também não vingou.
Assim, o futuro das guitarras eléctricas está, provavelmente, no regresso ao passado. Quase todas as grandes construtoras voltaram a apostar em novas versões de violas "vintage". A procura das "vintage" originais e das novas versões "vintage" faz crer que o pico evolutivo das guitarras eléctricas ocorreu há décadas. Nada de alarme... O violino, por exemplo, estabilizou à cerca de 3oo anos!
jp
Nota 1: por acaso tenho uma "Telecaster" vintage...
Nota 2: em http://www.inteligenciavisual.blogspot.com/ podem saber tudo sobre ombros. Foi lá que me inspirei, atrevendo-me a comparar mulheres com guitarras. Posso garantir que ambas são difíceis de dedilhar mas, quando bem tocadas, são divinais.
4 comments:
Será que existe uma procura da mulher vintage original também? Será que o pico evolutivo das mulheres ocorreu há decadas?..
Não há original nem versões. A mulher é intemporal. É, aliás, isso (e mais alguns pequenos pormenores) que a distingue da guitarra!
:)
caro amigo, gostei do post, mas nao esta correcto em certas afirmaçoes! baixos de 6 cordas, grandes baixistas, nomeadamente no mundo da musica virtuosa, e tb na mais pesada, utilizam baixos de 6 cordas! hoje em dia ja existe guitarras com captaçao digital! caso das gibson! tudo evolui! falo com conhecimento pois sou musico e tenho interesse em instrumentos modernos e pouco comuns, neste momento dedico-me a guitarra portuguesa, e esse sim , é o meu instrumento d eleiçao! e ate essas guitarras, ja as ha em carbono e sem caixa de ressonancia! so comento por ter gostado do post! um abraço!
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