25.8.07

PESSEGUEIRO

Ao longe, a ilha do Pessegueiro parece um navio de pedra à espera de tripulação. Uma ilha árida, deserta e, ainda por cima, rodeada de água por todos os lados!
Contrariamente ao que muitos pensam, a ilha não foi descoberta pelo Chico Fininho, esse venerável "pai do rock".
A ilha foi um importante entreposto comercial e porto de abrigo para os navios romanos na rota para a velha Albion (actual UK), entre o Cabo de S. Vicente e o Estuário do Sado. Na ilha, ainda hoje se podem ver vestígios de tanques de salga romanos. Aliás, o nome Pessegueiro deriva do termo latino pescarium (pesqueiro), nada a tendo a ver com árvores de fruto. Curiosamente, na ilha apenas existe uma raquítica figueira com meio metro de altura e que nunca deu figos, quanto mais laranjas!
Os navios abasteciam-se aqui do famoso garum ibericum. Em Roma o pitéu chegava a custar 1000 denários por ânfora. É uma conserva apetitosa feita de sangue e vísceras de atum ou cavala, misturados com pequenos peixes, crustáceos e molúsculos esmagados. Vai tudo a salmoura e seca ao Sol por dois meses. O segredo está nos condimentos. Não se conhece o sabor. Não ficou ninguém vivo para contar.
Na ilha são hoje ainda visíveis ruínas dos tanques de salga (cetários), de cisternas e de um cemitério romanos. No topo da ilha estão restos do Forte de Santo Alberto, cuja construção se iniciou em 1590, na época filipina. O objectivo era cruzar fogo com o Forte de Nossa Senhora da Queimada, no continente, respondendo aos frequentes ataques dos piratas mouros e compreendia, ainda, uma arrojada ligação a terra. O projecto foi descontinuado logo em 1598, passando a defesa a ser conduzida a partir do Forte de São Clemente de Vila Nova de Milfontes. Em 1755, para variar, o terramoto deu cabo do havia e agora ali estão as duas ruínas a olhar uma para a outra, à espera do habitual centro de interpretação arqueológica.
Foi esta a ilha que no primeiro quartel do século XX foi a leilão, acabando por ser arrematada pelo Estado. Foi a derradeira hipótese de Portugal ter uma ilha privada, como qualquer país civilizado....Ah, esqueci-me da Madeira que é semi-pública!
jp

3 comments:

Al Kantara said...

Perdão : As Ilhas da Madeira e de Porto Santo são completamente privadas e pertencem ao consórcio Jardim & Jardim, Eventos Circenses, SA., que irão reclamar a sua propriedade plena por usucapião, salvando assim o arquipélago da invasão dos cubanos que, malgré tout, o têm financiado nos ultimos 30 anos.

maria antunes said...

Pois, esse Pessegueiro também não conheço, só conheço o da Pampilhosa da Serra.

Anonymous said...

Que pena o autor não ter tdo tempo,como se percebe, para visitar a própria ilha.
Tratava-se, na época romana, claro, de um mix entre Auchan e Mea Culpa, com uma vaga esquadra da PSP.
Tinha um nome em latim, que incito o autor a procurar e que de fruta ou peixe, não tinha nada.
Na ilha existem, a noroeste, umas estranhissimas escavações em labirinto, não interpretadas.
Extensas de mais para wc, julgo que seriam mais, T0 para a alternaria.
Quererá o Autor pesquisar?