A CARBONÁRIA E O 5 DE OUTUBRO I

Há o rito da madeira e o da pedra. Do primeiro emerge a Carbonária. Do segundo, os Pedreiros Livres.

A Carbonária Portuguesa surge por volta de 1897, tendo por origem a Maçonaria Académica,fundada por Luz de Almeida (na imagem). Não havia ligações à Maçonaria e organizava-se em células autónomas, trabalhando em rede piramidal, de forma muito semelhante a organizações terroristas de hoje.

Havia os Canteiros, as Choças, as Barracas, as Vendas e a Alta-Venda. Cada Canteiro tinha 5 membros, os Rachadores; o chefe era Mestre da Choça, que se formava de 4 Canteiros; 5 Choças constítuiam a uma Barraca e 5 destes núcleos uma Venda. Havia também a Jovem Portugal, a secção onde se concentrava durante anos a acção revolucionária e que tinha poderes para eleger e demitir o Grão-Mestre.

Havia quatro graus na Carbonária: Rachador, Aspirante, Mestre e Mestre Sublime. Todos os filiados se tratavam por primos. Não se conheciam entre si mais do que 5 elementos. Só os chefes conheciam todos os seus homens.

A Alta-Venda era o governo da Carbonária, composta por 5 Mestres, incluindo o Grão-Mestre (presidente honorário). Havia elementos civis de todas as proveniências desde estudantes (a génese do movimento), até operários, funcionários públicos, polícias, professores,etc. Havia também elementos militares de todas as forças, iniciados numa ramificação militar da Carbonária.

Os primitivos carbonários italianos reuniam-se nas choças dos carvoeiros nas florestas recônditas. Por isso a Carbonária também era conhecida como Maçonaria Floresta. Tinha como símbolo principal a estrela de 5 pontas encimando o globo terrestre. Outros símbolos: o cepo; a lenha; as raízes; a corda nodosa; o carvão; o machado; o punhal; a cadeia de ferro; o firmamento; o Sol.

A Carbonária Portuguesa ganhou um novo alento com a chegada de João Franco ao governo e ao exercício do poder ditatorial... (a continuar).

jp