4.10.07

A CARBONÁRIA E O 5 DE OUTUBRO II

O objectivo da Carbonária era a constituição da República, como única forma de garantir o bem estar do povo. Eram fortemente anticlericais e, obviamente, anti-monárquicos.

A partir de 1907 a Carbonária teve uma enorme expansão por todo o país, chegando a ter cerca de 30 000 agremiados. Luz e Almeida, de nome simbólico La Fayette, decidiu então reformular a Organização. Foi convocada uma reunião do Conselho Florestal que aprovou uma nova Constituição. A Venda Jovem Portugal passou a ter poderes reforçados, nomeadamente na componente ritualista, bem como na eleição do Grão-Mestre. Este vê também a sua intervenção acrescida, competindo-lhe a presidência de todas as Vendas Superiores, incluindo a Venda Jovem Portugal, o que nos leva a ponderar se República e Democracia seriam sinónimos para a Carbonária!
É também neste período que são iniciados António Maria da Silva e Machado dos Santos (na foto), personalidades de grande prestígio no campo republicano e que vieram facilitar (em especial o primeiro) a ligação à Maçonaria, que começava a inclinar-se para a via republicana. Também Cândido dos Reis, o da Av. Amirante Reis e topónimo em todas as vilas e lugarejos, ele que era o chefe máximo dos revoltosos que prepararam a Revolução Republicana, também era carbonário.
A Carbonária infiltrou-se em várias estruturas do país, designadamente em lojas maçónicas integradas no Grande Oriente Lusitano Unido. Em 19 de Março de 1910 formou-se a Comissão Maçónica de Resistência, onde se incluíam, entre outros, José de castro, Cândido dos Reis, Miguel Bombarda, António Maria da Silva e Machado dos Santos, alguns deles altos responsáveis da Carbonária.
A loja "Montanha" foi o veículo da Carbonária dentro da Maçonaria. Como membros vamos encontrar o omnipresente Luz de Almeida, António josé de Ameida, Machado dos Santos e... Aquilino Ribeiro, igualmente carbonário.

Paralelamente à Carbonária Portuguesa, foi fundada igualmente em 1897 a Carbonária Lusitana, sem conhecimento da primeira, também conhecida por Carbonária dos Anarquistas, com uma visão ainda mais extremista: enquanto que para os republicanos a República seria o fim em si mesmo, para os anarquistas "intervencionistas" ela era apenas um meio em direcção à sociedade perfeita, uma utopia em que não seria já necessário governo.
Estes anarquistas "intervencionistas" fundaram a loja maçónica "Obreiros do Futuro", verdadeiro alfobre de conspiradores contra a monarquia até 1907... (a continuar)
jp

2 comments:

Al Kantara said...

Os "Obreiros do Futuro" ter-se-ão transformado nos "Cagões d'Agora"?...

Jorge Pinheiro said...

Provavelmente seria preciso outra Carbonária... ou talvez a Carbonária permanente. O problema é que eles só queriam mudar o regime, convencidos de que república igual a democracia. O problema é que não é!