A comida tinha pouco sabor. Tudo era grelhado ou cozido apenas com sal. Faltava algo. Esse algo existia no oriente.
A partir de 1503, todos os anos em Março partia de Lisboa a frota da índia e três meses depois chegavam as naus que tinham largado do Tejo no ano anterior.
A pimenta era um condimento caro na Europa. Produto para gente rica. Os portugueses fizeram baixar drasticamente o preço, arrasando a concorrência. As naus traziam toneladas de de especiarias. Portugal popularizou a pimenta... e também as hemorróidas.
A Europa central e do norte descobriu a pimenta e outras especiarias: o cravo e a canela. As especiarias afluíam ao mercado de Antuérpia no Outono. No Natal havia feiras por toda a Europa onde se vendia a retalho. Apareceram bolos de canela, de cravo e até de pimenta.
A pimenta era trocada na Índia por cobre, latão, prata e mercúrio que vinham da Alemanha; veludo e brocados que vinham da Itália. De Antuérpia vinham os bombardeiros, mercenários especializados em "comércio coercivo" e de Nuremberga chegavam armas. Do Báltico, importavam-se troncos para mastros e da Flandres vinham tapeçarias que serviam para presentear os samorins. Enfim, toda a europa participava do negócio da pimenta.
Portugal foi o responsável por este "renascimento comercial". Pena que pouco viesse a beneficiar dele. No longo prazo, tudo se perdeu em obras faraónicas e fausto idiota, sem qualquer visão estratégica de acumulação de riqueza. Lusitanos...!
jp
4 comments:
Sempre pensei que a principal vantagem da pimenta era disfarçar o sabor dos alimentos meio-estragados (não havia frigoríficos)
Pois é Ortega...com o Jorge estamos sempre a aprender.
A função de "disfarce" era secundária...e pouco saudável. O principal era mesmo o requinte, o exotismo oriental que todas as especiarias tinham.
Estamos em sitonia, hoje na minha aula também falei da pimenta. Na representação gráfica da pimenta e do sal.
Post a Comment