7.11.07

CAPITAL DO POLVO

Finalmente nasceu a civilização cefalópode. Aqui em Santa Luzia, à beira da Ria, os polvos fizeram capital.
Há muito que os cientistas prognosticavam este desfecho. O polvo é inteligentíssimo. Dispõe de atributos biológicos e morfológicos imbatíveis. Uma camuflagem perfeita. Visão binocular. Oito braços com total autonomia e polvilhados de ventosas que lhe dão uma sustentabilidade invejável... Problema: os polvos têm uma curta duração. Duram pouco mais de 3 anos, o que é manifestamente insuficiente para desenvolver uma cultura e criar partidos políticos. E tudo isto por causa da atracção fatal entre machos e fêmeas. O amor entre polvos é absolutamente mortífero. Os machos morrem logo a seguir à cópula... As fêmeas ainda duram mais umas semanas para oxigenar os ovos depositados em buracos e, mal estes eclodem, finam-se.
Agora, graças à inseminação artificial introduzida acidentalmente aqui na Ria, os polvos vivem mais e surgiu a civilzação cefalópode em todo o seu esplendor. Famílias inteiras de polvos vivem alegremente em alcatruzes com nº de polícia e banda larga. Os putos polvos brincam às escondidas mimetizados no azulejo multicolor deliberadamente criado para o efeito. Jovens adolescentes de piercing no tentáculo e gel nas ventosas passam a abrir nas ruelas da aldeia, largando rios de tinta preta para exibição da puberdade rebelde. Os adultos movimentam-se com agilidade e elegância, desenvolvendo múltiplas tarefas com utilização simultânea dos oito tentáculos. Um tentáculo mexe a sopa; outro descasca a fruta; outro escreve ao computados; um outro muda as fraldas ao bebé; mais um para limpar o pó; ainda outro para fazer a cama; e mais outro para atender o telefone e ainda sobra um para coçar os ...
Santa Luzia , Capital do Polvo... Cuidado, eles estão aí!
jp

3 comments:

Al Kantara said...

Quando o macho morre logo a seguir à cópula, a fêmea queixa-se com alguma razão : É que nunca quer conversar um bocadinho...

Anonymous said...

hah!hah!hah! bom, bem escrito, hilariante...

Claire-Françoise Fressynet said...

Estou como o anónimo a rirrrrrrrrrrrrrrrrr,,, a sério.hahahahahahaha , somos mesmo gulosos.