13.11.07

DISRAELI GEARS

O LP "Disraeli Gears", dos "Cream", saíu em 1967, ano de ouro do rock inglês e americano.
Os "Cream" eram três: Eric Clapton (o "slow hand", assim chamado devido à sua baixa velocidade de execução), na guitarra eléctrica; Jack Bruce, no baixo e voz; e Ginger Baker, na bateria. Os "Cream" eram um trio de luxo, mais tarde imitado pelos "Police", embora num registo mais pop.
"Disraeli Gears" foi o segundo álbum. O primeiro foi "Fresh Cream" e o terceiro e último "Whells on Fire". Dissolveram-se depois em projectos diversos de pouca duração ou a solo, como é o caso de Clapton.
Naquele tempo os LP apareciam em Portugal com 6 ou 7 meses de atraso ou, às vezes, nem apareciam. Eu e uns amigos descobrimos um atalho. Uma coisa que hoje nem dá para entender... Via postal recebíamos os discos directamente de Londres! Durou até a Alfândega detectar a fuga aos direitos fiscais.
Era o máximo aparecer em festas de garagem com um disco recém lançado em Londres ou Nova Iorque, do qual só tinham conhecimento os mais esclarecidos, aqueles que liam a revista "Rolling Stone" ou ouviam o programa "Em Órbita", no Rádio Clube Português, ou a "Vigésima Primeira Hora", na Renascença. Organizavam-se sessões de audição em minha casa, nas quais, num silêncio religioso, se ouvia até à exaustão as malhas do Clapton ou a batida irreverente do Ginger Baker que tinha a particularidade de tocar com dois bombos, coisa nunca vista e que era para nós motivo de grande exaltação. A devoção era tanta que o meu cão pastor alemão chamava-se Bruce, em homenagem ao baixista.
Com a sua capa ao melhor estilo "Canaby Street" e as míticas canções "Srange Brew" e "Sunshine of Your Love", "Disraeli Gears" é um disco de referência e que, na época, questionava a música "easy listenning" dos "Beatles" ou a falta de virtuosismo dos "Stones".
jp

8 comments:

Anonymous said...

E os rapazes e as raparigas juntavam-se em festas de garagem e dançavam muito agarradinhos o "Lucky Man" dos Emerson, Lake & Palmer e o "Dark Side of the Moon" dos Pink Floyd. Eu cá gostava mais de me agarrar ao cachimbo.

Jorge Pinheiro said...

... de água?

Anonymous said...

Pois, fumávamos água. E ficávamos ali o resto da tarde no "Sunshine of your love". Pois.

ortega said...

Chamavam "slow hand" ao Eric Clapton porque tocava mexendo pouco a mão esquerda. Pudera! aquilo eram meia dúzia de notas tocadas frenéticamente na posição da pentatónica mais à mão. Por isso é que, quando viu/ouvio o Hendrix a tocar no mesmo registo "bluesy" mas mil vezes passou de "guitar hero" a heroinómano. Para concluír: ouve muitos trios famosos de rock, para mim os melhores foram os Police.

ortega said...

faltou o "melhor" a seguir a "mil vezes"

Claire-Françoise Fressynet said...

E 1 prazer te ler, boa ;-))))

Jorge Pinheiro said...

Caro Ortega, agora isto ficou mais técnico. Pentatónico? Os meus leitores gostariam de saber o que é. O Hendrix é um génio, que para além do LSD tb. se metia na "heróica" e em tudo o que lhe podia provocar alterações comportamentais. Os Police são um excelente trio, provavelmente melhores tecnicamente e mais eficazes mediaticamente do que os Cream, mas não fazem parte da minha adolescência, nem os discos precisavam de vir de Londres.

Anonymous said...

Pois era, mandávamos vir os discos de Londres através da saudosa Discoteca do Carmo, que tinha sempre um stock de primeiríssima água. Mais tarde a Bimotor também começou a prestar esse serviço.
Mas comparar os Cream com os Police...já agora, não querem incluir o Trio Odemira?