A partir de 1915 construíram-se as primeiras casas de luxo e o primeiro hotel, o Hotel Paris, que, entretanto, já mudou de localização três vezes.
No princípio do séc. XX a família Santos Jorge instalou-se no Estoril. Uma casa simples, rodeada de pinhais, na arriba da praia. A fantasia, quase delirante, foi toda para as cocheiras que, depois, funcionaram como garagem e hoje estão entaipadas aguardando melhor utilização. A construção de gaveto, ao lado da estação da CP, é um ícone do Estoril, com a sua pérgola cenográfica, tendo, no alto, como um escudo senhorial, uma águia descomunal de asas abertas, preparada para um vôo impossível (1ª foto).
Por volta de 1880, o capitalista lisboeta João Martins de Barros veio com a filha a tratamento nas termas da Poça. Como esta tivesse melhorado da anemia crónica que a perseguia, em 1886 resolveu instalar-se no Estoril. Mandou reconstruir e readaptar o forte de Santo António, quase em ruínas, alcandorado sobre as rochas que afloram à esquerda de quem olha o areal do Estoril (2ª foto).
É um palacete aparatoso, verdadeiro símbolo do Estoril, porventura uma as casas mais fotografadas da Linha de Cascais. O construtor foi César Ianze que se arruinou com a construção, adjudicada por um valor que ele calculou mal, mas cumpriu. Muralhas com paredes arrendadas por janelas de arcarias, adornadas de colunatas, coroadas de ameias, incrustadas com varandins... Um espanto para os "snobs" de Lisboa. Uma inspiração para os "poetas marítimos" de então.
Na outra ponta da praia de Santo António, o forte de S. Roque mandado construir por D. João IV(como quase todos os fortes da Linha), também caíra em ruínas. Comprado por Ernesto Schroeder, surgiu uma moradia aprazível (3ª foto), com jardins exóticos à beira do oceano. Alamedas de palmeiras e de tamarindos que viriam a dar o nome à praia do Tamariz...
Texto baseado no livro "Memórias da Linha de Cascais", de Branca de Gonta Colaço e Maria Archer.
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