Estamos em 2057. O rock há muito fora proibido. Os instrumentos musicais totalmente destruídos. A sociedade vive formatada por uma poderosa empresa, a "Global Soft", que tudo domina e controla. A empresa é comandada por uma "Queen", mulher durona e boazona à base de botas altas, cara triangular e olhos penetrantes de cobra. Nos subterrâneos recônditos dos arrabaldes sub-urbanos vivem acossados rebeldes marginais, os "Bohemians". Reunem-se secretamente no "Heart Break Hotel", assim chamado não se sabe porquê, aguardando o "Champion", que eles não sabem quem é. Cantam pedaços de músicas dos anos 70 memorizados por tradição oral, cujo significado desconhecem. Aliás desconhecem tudo e nós começamos a duvidar da razão que ali nos levou. O "Champion" é o Salvador, aquele que conseguirá desvendar o mistério do lago Genebra (possivel alusão ao incêndio no pavilhão de Montreux onde tocava F. Zappa e que daria origem à música "Smoke on the Water", dos "Deep Purple").
Um pobre rapaz chamado Galileo Figaro tem visões de "strawberryfields forever" e outros disparates do género, como desatar a cantar coisas que não sabe o que são. Envolve-se com uma garota mal amanhada e vagamente excêntrica, Scaramouche, que também canta coisas proibidas, sem saber porquê. A Queen não gosta e a PIDE cai-lhes em cima.
Depois de muitas peripécias, fugas e desamores, tudo sempre cantado aos altos gritos e com a banda de suporte fazendo enorme basqueiro, os dois jovens encontram os rebeldes, os tais que não sabem o que são. Depois de prestarem provas orais (mais berraria!), os dois são aceites pelos "Bohemians" e passam também a não saber o que são, sendo certo que antes também não sabiam.
De repente, vindo das brumas de Avalon, emerge do lago Genebra a figura etérea do Rocky-Merlin, personificada pela imagem votiva de Freddie Mercury. Um muro (sempre um muro) separa-os agora da liberdade. Cantam... Cantam muito... O ar vibra de tensão dramática... O Muro cai com estrondo! Ao fundo uma viola eléctrica encrostrada na pedra, qual Excalibur, pede que a soltem. Só o "Champion" Galileu Artur a consegue arrebatar. A Queen rende-se. A música volta em todo o seu esplendor numa gritaria esfusiante. Finalmente todos percebem o quer dizer "We Will Rock You", coisa que nós, na nossa ignorância ibérica, definitivamente não percebemos.
Toda esta edificante mistela pode ser vista no Dominion Theatre, em Tottenham Court Road. Como curiosidade, o Freddie Mercury chama-se Ricardo Afonso e é português e o astrofísico Brian May, ex-guitarrista dos "Queen" foi, na semana passada, eleito reitor da Universidade de Liverpool.
Uma sugestão final: porque é que o mítico José Cid não faz uma treta semelhante baseada no D. Sebastião e os 1111 cavaleiros na demanda do Galo de Barcelos?
jp
1 comment:
" O Freddie Mercury chama-se Ricardo Afonso" ??
hmm...
A ideia era ele ser o "sonhador", não o Freddie. Daí que a personagem fosse desconexa e soluçasse pedaços de música/lyrics.. pq será de sonho que a música é feita, etc e tal...
Acho...
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