Sou um papel de Natal. Fui confeccionado com amor. Transportado com desvelo. Na loja, mãos femininas acariciam-me sensualmente. Embelezam-me. Enfeitam-me com laços. Com orgulho, exibo-me frente à árvore dos desejos. Durante uma semana todos me rodeiam de atenções.
De repente, naquele dia sinistro, mãos enormes abatem-se sobre mim. Rasgam-me selvaticamente. Amarrotam-me com desprezo. Atiram-me para o caixote desleixadamente. No dia seguinte estou no lixo.
Este foi o meu único Natal!
jp
7 comments:
Belo texto, Expresso...mas não acredito que estejas no lixo.
Abraços
Oh, nem tem direito a reciclagem, é logo para o lixo??? :(
Esta é a perspectiva do papel. A minha nada tem que ver com o embrulho. Eu é que sou "embrulhado".
Ó Maria, agora ficaste verde?!
Bolas Expresso !
Se te recebesse como prenda todo embrulhadinho num belo papel ...nem sei o que faria.
Não sabes o que fazias ao Jorge ou ao belo papel?
Pois, amigo Expresso, a esta coisa do papel chama-se síndroma do louva-a-deus macho. Quando tudo parece que está a correr bem...
Bah... eu ao menos dispenso esses luxos de papeis de embrulho coloridos e reluzentes!
Vai tudo embrulhado em Dicas da Semana e prontos! Até serve de leitura de casa de banho para os presenteados! Ou para forrarem o fundo das gaiolas, ou sei lá!
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