A lei Scantia de 149 a. C, protege da violação o adolescente livre na mesma medida em que o faz relativamente à virgem de nascimento livre. O sexo nada tem a ver com o caso. O que conta é não ser escravo. Entre os romanos, a pretensa repressão legal da homossexualidade visava, na realidade, impedir que um cidadão fosse tratado como um escravo.
No mundo romano os comportamentos não eram classificados de acordo com o sexo (o amor pelas mulheres ou pelos rapazes), mas segundo a actividade ou a passividade: ser activo é ser um macho, seja qual fôr o sexo do parceiro dito passivo. A mulher é passiva por definição, a não ser que seja um monstro, e não é tida nem achada no assunto. As crianças não contam mais que as mulheres, desde que seja o adulto a tirar prazer disso (leia-se, a ser activo). Estas crianças são, como já vimos, escravos. As outras estão protegidas por lei. Em contrapartida, abatia-se um desprezo colossal sobre o adulto macho e livre que fosse homófilo passivo ("impudicus").
A moral romana variava de acordo com o estatuto social. Conforme escreveu Séneca "o Velho": "a impudícia (isto é, a passividade) é um aviltamento num homem livre; num escravo, é o seu dever mais absoluto para com o seu amo; num liberto, permanece como um dever moral de condescendência".
jp
1 comment:
Este Séneca também devia ser fresco...
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