12.2.08

S. PEDRO DO ESTORIL

Depois do Estoril (posts de 25 e 31/10 e de 4 e 5/11/07) e de S. João (posts de 14 e 15/12/07), continuemos a nossa visita pela história da Linha.
Já S. João resplandecia no esplendor dos seus chalets, S. Pedro ainda se chamava Cai-Água, devido ao ribeiro cantante que por lá passava. Havia um moinho, duas azenhas e uma taberna à beira da estrada. Cai-Água continuava a ser campo.
Um dia o capitalista Nunes dos Santos, criador dos Armazéns do Chiado, começou a comprar terrenos em Cai-Água e construíu umas casas que atrairam mais moradores. Fez-se o Chalet Ideal nº 1 e o Chalet Ideal nº2, prémios dados pelos Grandes Armazéns do Chiado aos seus clientes e sorteados pela lotaria, primeira ivenção publicitária do género no país.
Nunes dos Santos conseguiu dotar a povoação de um apeadeiro e a linha de Cascais passou a parar em Cai-Água. A terra cresceu. Os seus moradores multiplicaram-se.
Para quem viaja pela Marginal a povoação encontra-se quase ligada à Parede, com moradias espalhadas ao longo da avenida, em tudo semelhantes. No interior desenham-se ruas de corte geométrico, pequenas moradias com jardim. É um sítio modesto e bonito onde não ressaltam casas apalaçadas ou de grande luxo.
Junto à Marginal há, porém, uma mutação de cenário. Desaparecem as ruas alinhadas em xadrez e surgem moradias espalhadas pela campina, sem arranjo. Terrenos à espera e compradores (que, entretanto, chegaram!). Entre a Marginal e as arribas do mar há uma larga extensão de terra batida. Nesse espaço ressalta uma curiosa moradia, fantástica construção, adornada com ameias e torreôes, guaritas e mulharas. Um brinquedo caro mandado fazer pelo Dr. Luís Cebola, nos anos 20. É o "Castelo de Nossa Senhora de Fátima", casa isolada de horizonte vastíssimo, em contacto directo com o vento e o oceano. Lá viveu durante anos uma célebre bailarina internacional, que dançava descalça sobre o terraço que domina as rochas...
Mais atrás e do outro lado da Marginal está a "Colónia Balnear Infantil de O Século", obra de caridade lançada por aquele jornal. Inaugurada em 1927, tem acolhido milhares de crianças carecidas e lhes tem dado férias na praia, num edifício grande e abandonado que em tempos fora uma fábrica de conservas. Este edifício viria, em 1934, a ser definitivamente doado pelo Conde Monte Real. É por esta altura que a povoação se passa a chamar S. Pedro.
S. Pedro cresceu muito e está, com os últimos arranjos na orla marítima, a tentar um lugar ao Sol na Linha. Entrem na Baforeira e percorram as arribas até ao Castelo de Nossa Senhora de Fátima pelos caminhos recentemente abertos e admirem uma das mais belas paisagens da Costa do Sol.
Baseado no livro "Memórias da Linha e Cascais", de Branca de Gonta Colaço e Maria Archer.
jp

4 comments:

António P. said...

Pois é Expresso mas bem podias ter escolhido uma foto de S. Pedro. Por exemplo a da Pedra do Sal ou mesmo da Colónia Balnear Infantil do Século porque etsa francamente não lembra ao diabo !!
Não é na saída para S. João antes da antiga Choupana ?
E podias ter falado do Clube de Futebol Cai-Água que nos anos 70 tinha uma excelente equipa de futebol de salão que não tem nada a ver com essas mariquices de futsala.
Abraços

Jorge Pinheiro said...

Pronto, está falado. A casa é mesmo em S.Pedro e é a que melhor se vê da Marginal. Além disso parece que está assombrada...

CrisCa said...

E sabemos ao menos quem a habitou mais recentemente?...

Doris M. Bennett said...

Thank you very much for this great post. apostas desportivas