9.3.08

ACORDO ORTOGRÁFICO

Quinhentos anos depois do achamento, dois senhores Silva vão assinar mais um acordo ortográfico.
Parece que o "p" antes do "t" tem um efeito de abrir o "i" de Baptista que, caso contrário, se leria Batista. Isto em Portugal, porque no Brasil se lê à mesma Baptista, embora se escreva Batista... Enfim, coisas de filólogos!
Portugal exportou o português arcaico para as 5 partes do mundo e recebeu, em troca, uma língua enriquecida e em permanente actualização. A língua não estagnou. Surgiram novas palavras, novos sentidos para velhas palavras, novas pronúncias, novos significados. O português é uma língua cada vez mais viva e, sem dúvida, o produto mais dinâmico que até hoje exportámos.
Uma língua não pode ter preconceitos nem atavismos. Deve saber crescer e adaptar-se. Contrariamente ao que nos aconteceu, os galegos, por exemplo ficaram com a língua morta, estagnada, arcaica. O galaico-português que seguiu nas caravelas de quinhentos, voltou português moderno. O galego, esse ficou prisioneiro do seu isolamento. Refém da não participação na expansão lusitana e depois, para agravar, foi castigado pelos castelhanos.
200 anos depois da polémica fuga de D. João V para o Brasil, dois senhores Silva falam português, um de cada lado do Atlântico. Esse é o nosso maior património comum. Um português que continuará a evoluir com acordos ou sem eles. Com puristas ou sem eles. Um português descomplexado e sem "velhos do Restelo".
Nota: assinala-se hoje a partida da armada de Pedro Álvares Cabral, a 2ª armada para a Índia. Saíu a 9/3/1500, ali de Belém e acertou no Brasil, não se sabe se por acidente, se em missão secreta, se por voluntarismo do capitão. Mas esta é outra história. Um dia voltaremos a ela.
jp

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