20.3.08

BAFODALHO

Biqueirão anchovado. Costeletas de sardinha. Cavala alimada. Vista deslumbrante sobre as arribas que se despenham sobre o mar. A mesa parece também querer voar, banhada em azeite selvagem e cebola radical. O alho, porém, a tudo se sobrepõe, evitando devaneios insanos que nos levariam à queda no abismo.
No Algarve o alho perde a vergonha. Atinge tudo e todos numa profusão desmedida. Não é já condimento. Perde a condição de tempero. No Algarve o alho toma conta da cozinha e do cozinheiro. Ganha vida própria. Exibe-se radioso na panóplia dos sabores. Perde-se na vaidade "gourmet" do palato. Inunda as papilas de desejos inconfessáveis. No Algarve o alho é um bem essencial... e convém que seja um bem colectivo!
De facto, no Algarve quem não gostar de alho não pode ir a uma repartição pública depois do almoço e terá muita dificuldade em adormecer acompanhado. Só no Algarve se entende a exuberância e o significado profundo do Bafodalho!
jp

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