7.3.08

UM DIA NAS PINTURAS

Ontem foram duas inaugurações e três pintores. Um dia memorável onde a única dúvida era garantir espaço estomacal para conseguir jantar entre dois "cocktails". Vá lá que sou magro!
No Átrio Principal da Reitoria da Universidade de Lisboa, Carmo Romão e Emanuel Vieira Afonso expõem 15 quadros subordinados ao tema "Outros Planos". A organização é da MAPA- Associação Cultural.
A pintura figurativa de Carmo Romão transporta-nos para ambientes filmatográficos, num universo onírico de vibração contida, cuja força principal reside na tensão secreta dos personagens parcialmente encobertos ou ritualmente envolvidos. Uma pintura simultaneamente subtil e forte que requer visualização atenta e demorada. Por isso, também, não cansa. Dez dos quadros exibidos baseiam-se, muito apropriadamente, no filme "Disponível para Amar".
Emanuel Vieira Afonso escolhe outra via. A sua pintura é grandiloquente. Exuberante. Telas grandes visualizando espaços enormes (o Chiado, por exemplo). Uma abstracção que focaliza o espectador. Uma distorção de 180 graus numa panorâmica inesperada. Pintura forte de compreensão e adesão imediata.
Depois de 27 pastéis de bacalhau e uma dúzia de rissóis que, diga-se de passagem, estavam óptimos, ainda descobri espaço para jantar na "Doca do Santo". Pedi um caril de gambas, coisa leve, não me perguntem porquê. Faz-me pessimamente à colite e não lembra ao careca pedir naquele sítio. Já devia estar entre o abstraccionismo e o dadaísmo!
Próxima exposição. Galeria Arte>Contempo, ali à Basílica da Estrela, na Rua dos Navegantes. Manuel Furtado dos Santos, que eu conheço desde que nasceu, apresenta a sua primeira individual em Lisboa, com o título "Retorno". Estudou em Londres e divide-se entre a pintura, fotografia e instalação. De salientar as espectaculares fotografias tiradas no metro de Londres, onde são exploradas propriedades pictóricas através através da filtragem visual de publicidade desconstruída pelo tempo. Uma poluição visual transformada em objectos apelativos. Duas instalações espectaculares e vários quadros por onde passa um humor alucinado.
Deste dia magnífico tirei as seguintes três conclusões:
1-Apeteceu-me, logo, comprar tudo;
2-Contrariamente ao pão, à carne, aos transportes, à gasolina, etc, etc, a arte não está mais cara. Até desceu, em termos reais, ideais, temporais e não sei que mais;
3-Mesmo assim não tenho dinheiro para comprar (conclusão mais deprimente).
Nos próximos posts vou mostrar-vos as exposições, o que não invalida a vossa visita. E se tiverem $$$ comprem que, além do mais, é bom investimento. É investimento na beleza!
jp

3 comments:

bikini said...

Obrigada pela publicidade! e já agora não queres escrever para um jornal desses mais importantes?
É que a divulgação da cultura está mais ou menos como o Nicolau Breyner para o cinema. Ou ele entra ou não há filme!Então até dava jeito.

Jorge Pinheiro said...

A publicidade é mais que merecida. Quer pela qualidade, quer pela pertinácia na liberdade artística, quer pelo trabalho à frente da MAPA. Quanto ao resto, não sei se consigo. É que eu não sou "mafioso"!

bikini said...

capice!