21.5.08

OEIRAS MODERNA

A construção não pára. A Oeiras moderna surge em todo o seu esplendor, com os seus magníficos engarrafamentos de trânsito e o seu estacionamento gloriosamente caótico. Os bairros sociais para pretos, abolindo o pitoresco cenário das cubatas, que tanto entusiasmava os turistas mais radicais. A profusão de buracos, condutas, escavações. esventrando o terreno até ao calcolítico e tornando a vida dos peões numa estimulante odisseia. A estação da CP despejando, logo de manhã, milhares de trabalhadores alegres e apressados para um largo pequenino e acolhedor, carregado de camionetas de carreira e centrado à volta de um monumento de valor municipal inestimável: a estação de serviço da Galp. Em cima da praia o passeio pedonal marítimo, onde se pode ver a melhor carne da linha, correndo para ganhar a consistência adequada. A marina, modestamente designada por “porto de recreio”. A Piscina Oceânica, que atrai os putos de Matarraque, Massamá e Matos Cheirinhos. O Tagus Park, onde se reunem tecnologias de ponta, a caminho do “Requinte Motel” e o SATU, esse prodígio de engenharia aeronáutica, patrocinado pelas cimenteiras do Outão e que por modestos 2 euros o transporta para lado nenhum. As cearas felizmente desapareceram, sendo substituídas compulsivamente por palmeiras e cogumelos de prédios multicolores identificando os antigos sem abrigo, transformando Oeiras num verdadeiro oásis no meio de um deserto de ideias. A não perder, também, o Parque dos Poetas Mortos, a pedir cemitério urgente, onde por entre árvores recém plantadas, espreitam estátuas ao mais puro estilo “isaltino-provinciano”, enquanto repuchos e gaisers apelam à lavagem por baixo. Oeiras marca o ritmo, sem dúvida. Resta saber quem quer dançar...!
jp

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