O projecto-Portugal começa precisamente a 24 de Junho de 1128, data em que se trava a batalha e S. Mamede, ali perto de Guimarães.. Afonso Henriques era um miúdo endiabrado. Órfão de pai desde os três anos, tinha problemas freudianos com a mãe. Problemas que ninguém sabe explicar. Seriam ciúmes do amante da mãe, o fidalgo galego Fernão Peres de Trava? Seria por não ser filho da mãe? Há quem dê por adquirido que o rapaz era filho de Egas Moniz, fidalgo poderoso e que foi seu aio e tutor. O filho de Tareja e Henrique de Borgonha teria nascido defeituoso e os putos foram trocados à nascença. Especulação? Ninguém sabe! O certo é que quando há uns dois anos quiseram examinar os restos mortais do rei, a burocracia republicana impediu. Terão medo que o mito da nação caia às provas de ADN?
A partir da batalha de S. Mamede, Afonso intitula-se Príncipe ou Dux. Só após a batalha de Ourique, contra os mouros, em 1139, se intitula rei. O reconhecimento de Leão veio em 1143 (Conferência de Zamora). Só em 1179 o papa reconhece Afonso como rei de Portugal (bula Manifestis Probatum).
Começa em S. Mamede o projecto de um país. Um país sem viabilidade económica. Virado contra as espanhas, entalado pelo mar e feito de gente que não se governa, nem se deixa governar. Estranho, exótico mesmo, esse país ter sobrevivido nove séculos. Um contrasenso que só não vai dar bronca porque, como o tio Afonso, nascemos desenrascados.
jp
7 comments:
Por mim até pode ser filho do moço da estrebaria ou do cozinheiro que me dá igual! Que interessa isso agora ao fim de 900 anos? Deu uns tabefes nos mouros qual Astérix a dar tabefes aos romanos, não deu? Ora, isso é que valor!
engraçado, até nisso tinhamos que falhar, um filho bastardo que deu tareia aos mouras e se numeou rei? como em tudo estamos quase, quase lá...
JP;
Gostei do seu artigo. :)
Conhece o livro D. Afonso Henriques, Biografia, por Diogo Freitas do Amaral? Eu li e gostei...
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I.
NB - Para o anónimo [June 25, 2008 5:06 PM] 'Trocado' não é sinónimo de bastardo. :)
D.Isabel Magalhães, peço desculpa tem toda a razão.bastardo e outra coisa.
Isabel, conheço o livro do Freitas do Amaral que é, fundamentalmente, centrado na problemática jurídica do acto constitutivo da independência: o Tratado de Zamora ou a Bula papal. Sem dúvida interessante.
Caro anónimo;
Nada a desculpar! ;)
Na nossa História recente
'acabaram-se' os filhos ilegítimos, os filhos naturais, rótulos bem visíveis nas certidões de nascimento.
Filho é filho, dentro e/ou fora do casamento. Salvaguardem-se as crianças que não têm culpa nenhuma...
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I.
Isabel: é isso mesmo. A dúvida (e é mesmo uma grande dúvida) é se teriam sido trocados. Naqueles tempos, filho de nobre com pretensões a rei não podia ser deficiente.
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