A música é uma arte totalmente subsídio-dependente. Uma espécie de "serviço universal" tendencialmente gratuita para os utentes. As pessoas habituaram-se a ouvir música de borla. Dantes fazia-se um concerto para promover um disco. Agora faz-se um disco para promover um concerto. Os "downloads" tornaram o CD obsoleto. Não se cobram direitos de autor. Tudo é virtual. Os discos servem para promover um artista. Mas esse artista (salvo situações de dimensão internacional, que são poucas) está nas mãos de "mecenas" que, na maioria dos casos, são câmaras municipais e das suas festas concelhias. Ou se consegue entrar para a reduzida "short-list" da vereação ou estamos condenados a casamentos e baptizados. Os músicos que tocam fora do "mainstream" muito dificilmente conseguem o seu nicho de mercado. As "entidades" não entendem, porque não têm, na grande generalidade, qualquer política cultural e o público não está na disposição de pagar bilhete quando lhe dão coisas de borla, sejam boas ou más.
É um processo preverso em que os músicos, mesmo os de renome, se esgatanham por conseguir ir às festas da "Caranguejeira-de-Baixo", impedindo renovação e novos talentos. Como todas as actividades, também esta é uma vida de cão. Sempre foi. Mas o que me preocupa agora é a subsídio-dependência quase total a que se chegou. Quem são os músicos que arrancam para um espectáculo sem patrocínios de cobertura? Quem são os músicos que se atrevem a ir só pela bilheteira?
jp
2 comments:
Ephedra!
Nunca se sabe o que fará esse mítico grupo!
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