Nos últimos trinta anos tem-se assistido à proliferação de carros de serviço nas empresas e no estado, numa lógica completamente anti-ecológica e fraudulenta em termos laborais.
Inicialmente os veículos de serviço eram isso mesmo, de serviço. Eram distribuídos a quem precisava deles como instrumento de trabalho (os trabalhadores operacionais ou comerciais) ou para certos cargos mais elevados que envolviam uma componente de representação que se considerou dever integrar um carro de prestígio (caso de ministros ou administradores de empresas).
A pouco e pouco esta noção foi alargada e distorcida. Os veículos "de serviço" passaram a integrar o pacote remuneratório de quadros a quem se queria pagar mais, sem ter de alterar Acordos Colectivos de Trabalho. Passaram a integrar a categoria de "fringe beneficts". O conceito evoluiu ainda mais e hoje em dia qualquer quadro médio tem veículo de serviço.
São aos milhares os carros que circulam solitários de casa para o emprego e vice-versa, transportando, em cilindradas despropositadas, jovens quadros que se juntam aos almoços para discutir as propriedades de cada veículo e os equipamentos extra, numa atitude de novo-rico que as empresas estimulam. Esquecem que aquilo não é vencimento. É um logro que a empresa lhes dá, a coberto da vaidade própria, mas que não conta para a reforma. Em empresas como a EDP, a GALP ou a PT a frota automóvel andará pelos 4 ou 5 mil carros, por cada empresa. Apenas 25% serão realmente de serviço!
É uma atitude incompreensível do ponto de vista ecológico. O estado e as empresas deviam dar o exemplo, mas fazem o contrário. Se têm que dar veículos sejam restritivos. Arranjem outras formas de pagamento extra. E quanto aos carros, não seria adequado apostar em veículos de baixa cilindrada e baixo consumo ? Continuamos a achar que a ostentação é um sinal de riqueza, mas o PIB per capita desmente-o!
jp
4 comments:
Não tenho carro de serviço, mas tenho VUP. Em Cuba não há nada disso. Há carros, mas sem serviço. Há cocotáxis, autocarros-camelo, biketaxis. Hasta la VUP, siempre.
Vanessa de Castro Ruz
Olá!
Mas que exagero :=)
Coitados..dos " boys" !!!
Beijocas
Bom fim de semana
Já que o transporte público é deficitário e o privado uma boa receita para o estado, que tal "Smarts" para todos?. Andei um mês com um alugado e fiquei fã.
Vanessa: Veículo de Utilização Pessoal, convém traduzir para os restantes leitores. É uma gíria usada numa certa empresa... A menina Vnessa anda muito revolucionáreia. Ouvi dizer que tinha andado pela Sierra Maestra!
Ortega: passe a publicidade, era o mínimo que podiam fazer.
MJF: the boys are everywhere!
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