S.F.A.L. - Sociedade Filarmónica Agrícola Lavradiense, ali para os lados do Barreiro. Espectáculo contratado. Setembro 1972. Bilhetes à venda nos “Penicheiros”. Primeira parte, “música portuguesa” sabe-se lá porquê e por quem. Segunda parte, ”música moderna, com a actuação do conjunto “Ephedra”.
Tive pena de não ver a primeira parte. Chegámos duas horas atrasados, numa carrinha “pão de forma” alugada no Monte Estoril, por baixo das arcadas. Perdemo-nos em todos os desvios possíveis e impossíveis da margem sul, coisa que, aliás, ainda hoje me acontece. Eu guiava. Os outros iam à molhada, entremeados com amplificadores “Marshall”; a câmara de vozes “Fender”, último modelo, com “reverbe” de molas incluído e duas brutas colunas de som… tudo a válvulas, está claro! Entre os pés, ferragens da bateria “Sonor”, pratos “Avedis-Zildjan”, tripés de microfones “Shure”, caixas com violas, multi-percussões e cabos, imensos cabos… sempre cabos! O piano do Paulo já tinha chegado. Entrega especial. Piano clássico vertical. Duzentos e cinquenta quilos de ferro cada vez mais desafinados, que nos acompanhavam para todo o lado.
Sala apinhada. Público impaciente pela dita “música moderna”. Comprensíveis apupos, enquanto passávamos com as tralhas às costas. Foi montar e tocar, sem check-sound, sem sound-check, sem nada… O verdadeiro artista é o que se atrasa!
Palco em cortinado azul-celeste. Baixo, bateria, piano, viola, violino, flauta e percussões diversas. Foi a nossa primeira grande vitória na outra margem. Público rendido. Aplausos de pé. Encores… Até nos ajudaram a recolher o material para dentro da carrinha!
Ainda hoje sei que posso passar por aquelas terras e invocar a qualidade de “ex-Ephedra” para ter imediato acesso a dois charros bem aviados e a habitual caldeirada de chocos, fornecidos pelos cotas de 50 anos sobreviventes.
A margem sul seria nossa nos próximos dois anos: Alhos Vedros, Montijo, Seixal, Barreiro, Moita…
Tive pena de não ver a primeira parte. Chegámos duas horas atrasados, numa carrinha “pão de forma” alugada no Monte Estoril, por baixo das arcadas. Perdemo-nos em todos os desvios possíveis e impossíveis da margem sul, coisa que, aliás, ainda hoje me acontece. Eu guiava. Os outros iam à molhada, entremeados com amplificadores “Marshall”; a câmara de vozes “Fender”, último modelo, com “reverbe” de molas incluído e duas brutas colunas de som… tudo a válvulas, está claro! Entre os pés, ferragens da bateria “Sonor”, pratos “Avedis-Zildjan”, tripés de microfones “Shure”, caixas com violas, multi-percussões e cabos, imensos cabos… sempre cabos! O piano do Paulo já tinha chegado. Entrega especial. Piano clássico vertical. Duzentos e cinquenta quilos de ferro cada vez mais desafinados, que nos acompanhavam para todo o lado.
Sala apinhada. Público impaciente pela dita “música moderna”. Comprensíveis apupos, enquanto passávamos com as tralhas às costas. Foi montar e tocar, sem check-sound, sem sound-check, sem nada… O verdadeiro artista é o que se atrasa!
Palco em cortinado azul-celeste. Baixo, bateria, piano, viola, violino, flauta e percussões diversas. Foi a nossa primeira grande vitória na outra margem. Público rendido. Aplausos de pé. Encores… Até nos ajudaram a recolher o material para dentro da carrinha!
Ainda hoje sei que posso passar por aquelas terras e invocar a qualidade de “ex-Ephedra” para ter imediato acesso a dois charros bem aviados e a habitual caldeirada de chocos, fornecidos pelos cotas de 50 anos sobreviventes.
A margem sul seria nossa nos próximos dois anos: Alhos Vedros, Montijo, Seixal, Barreiro, Moita…
jp
21 comments:
Gostei de conhecer um pouco da história!
Por falar em história, o FERNANDO já deu início ao buraco.
Vamos esperar que a claustrofobia, que diz sofrer não atrapalhe o projeto!
O piano dos 250 kilos já tinha ficado pelo caminho deixando o flautista com uma hérnia. Ah! e a PA já não era a válvulas: a 1ª da Fender.
Interessante isso. É bom conhecer a história de conjuntos assim.
Obrigada pela visita lá no Memórias a Lápis!
Ou seja: eles já faziam diferença entre música portuguesa e música moderna. Não era a mesma coisa...
Retribuindo visita e agradecendo link e linkando o Expresso.
Abç
Roserouge: Naquele tempo, a música portuguesa não só não era música moderna como NÂO PODIA SER. A musica moderna (também conhecida por ié-ié) era essa coisa estridente e incompreensível tocada por uns guedelhudos um bocado amariconados ( se não o fossem não usavam aquelas cabeleiras à mulher) que não deviam gostar de trabalhar e por isso se dedicavam àquilo. Nada parecido com Artur Garcia, António Calvário e Rui de Mascarenhas que, esses sim, eram trabalhadores incansáveis e epítomes do macho lusitano : Muito homem, muito homem, mas a atracar de popa pela surra ( o que nem me incomoda nada mas não posso deixar de destacar...) Ai que saudades dessa "Oração" que conseguiu zero pontos no festival da Eurovisão. (oops, fiz um verso...)
Eu sei disso, ó Al. Estava a ironizar a coisa. Também fui a muito bailarico de província e fartei-me de gozar o prato. E quando os Tantra, os Beatnicks e os Cid, Scarpa, Carrapa e Nabo iam tocar a Abrantes aos Bailes de Finalistas era um happening! Era só gadelhudos...
Eu percebi a ironia, mas quis meter colherada...
Atenção: o Cid já era careca, com capachinho e os Tantra são muito posteriores (1976?). Como se verá mais à frente, quando começaram ensairam no nosso espaço.
Confere. O disco "Mistérios e Maravilhas" dos Tantra foi editado em 1976.
Hellooooooo...eu vi-os precisamente em 1976 ou 77 numa festa de finalistas. E aos outros também.
Esse espectáculo dos Tantra não terá sido em Setembro 1978 em Abrantes (parece-me que num pavilhão)? É que eu também lá estava...
Não me lembro exactamente da data, mas o pavilhão era o da Escola Comercial e Industrial. Também lá vi os Beatnicks. Mas o som daquele pavilhão era muito mau. E sim, o Cid já usava capachinho e óculos de sol à noite mas misturado com os outros a coisa até funcionava bem. O concerto deles no refeitório do Liceu de Abrantes foi fantástico. Vieram gadelhudos de todo o lado. O cheirinho a erva que pairava no ar era tão inebriante que nem precisavas de fumar...
Os óculos escuros do Cid explicam-se poque ele ele teve um desastre e, salvo erro, não vê de um olho ou tem graves deficiências.
(todo ele é uma grave deficiência)
(façam de conta que não disse nada, não resisti, desculpem)
Ó Expresso conheces Radiohead? Ando viciada no último álbum deles "In Rainbows". Quase que choro, é horrível de bom!
Bem, os comentários são uma verdadeira antologia dos anos 70.
Delicioso.
José Louro: isto é tudo malta chanfrada!
Rose: gosto do disco dos Radiohead, embora não esteja na play-list... porque não tenho. Os Beatnicks são anteriores. Aí por 73o Filipe "Mendrix" fundou os Heavy Metal, com o "coiso" que tocava baixo(porra, não me lembro o nome. Era filho do dono do restaurante Velha Goa, ali em Campo de Ourique. Entrávamos pela cozinha direitos às chamuças!).Ensaiavam aqui em Oeiras, numa casa que se chamava "Monte Vendavais" a caminho do Liceu.
O Cid é um problema mais grave. Na época andava de Wolksvagen cor-de-rosa descapotável armado em psicadélico. Ensaiva em Cascais. Era do género que pedia instrumentos emprestados e não devolvia. Óptimo carácter!!!
Os Tantra não tinham espaço para ensaiar e ficaram connosco (1 ou 2 meses) numa mansão que já depois do 25 de Abril nos foi cedida para não ser ocupada. O baterista (tb. não me lembro do nome, mas era filho do dono das Frutas Almeida) tinha uma bateria transparente... O Frodo era fixe. Ganda cromo!... Nunca mais daqui saía a contar histórias!
Aqui há tempos, no Santiago Alquimista vi um concerto já não sei de quem e às tantas lá aparece o Phil Mendrix, vasselásaber porquê e de guitarra a tiracolo desatou a imitar Rolling Stones e aquilo foi tudo muito triste.
Pois, mas ele está numa fase triste que, para quem o conhece, já vem de trás.
hei people, os Tantra foram em Abrantes no ano de 1979 na antiga EICA (Escola Industrial e Comercial de Abrantes) o dito então "Baile de Finalistas" e eu fui um dos felizardos que pertencia à organização, privei!!! com eles, uma loucura
Post a Comment