Já antes, em Março de 1972, tínhamos conquistado Lisboa num memorável concerto no anfitreato do Colégio Alemão. O público era uma verdadeira multidão de mais de cem adolescentes. Entre eles um rapazito traquinas que tentou invadir o palco para apitar flauta de bisel. Foi corrido a pontapé… Hoje é uma marca registada e chama-se “Herman José”!
Já não sei quem foi o louco que nos contratou… Deve ter-se arrependido e bem! O exemplo para os adolescentes germanófilos não terá sido o melhor: cabelos pelo meio das costas; barba de quinze dias; traje “hippy” bandalho; cheiro a erva que tresandava; fogareiros de sardinhas transformados em improvisados queimadores de incenso, que quase pegaram fogo ao pano de cena e abriram um buraco no chão do palco… Péssimo exemplo!
Ainda hoje há uma gravação fragmentada e quase inaudível desse histórico concerto.
Os temas principais chamavam-se “Morte de um Elefante num Templo Gótico” e “Sodoma e Gomorra”… Tudo muito judaico-cristão. Qualquer das peças demorava, no mínimo, trinta minutos “non-stop”, sempre e só instrumental. A duração exacta dependia de duas variáveis: a dimensão dos improvisos e a desbunda entre partes, ou seja, a desconstrução intercalar em que nos viríamos a tornar peritos, a ponto de haver músicas só de interlúdios. É daquelas coisas em que ninguém arrisca: estão eles perdidos? É de propósito? Estão a alucinar? Ou somos nós que não percebemos nada disto?
Aliás, numa entrevista ao Diário de Lisboa, em 8/2/72, conduzida pelo meu pessoal amigo José Jorge Letria, tudo isto era peremptoriamente esclarecido: “… é preciso criar um espaço onde todos possam penetrar…”. Dizíamos nós com toda a razão. E dizíamos mesmo mais: ”… somos cada vez mais pelo sistema de concertos, já que aí a nossa música pode ser apresentada com unidade e uma certa coesão… O tipo de música que fazemos depende muito da capacidade que cada um tem de se definir, de se libertar e de formular… Tocar, para nós é um verdadeiro ritual. O problema é que temos de integrar as pessoas dentro desse ritual…” (pois, era mesmo um problema!). E continuávamos: “… Somos em relação ao som uma espécie de sacerdotes que transmitem a música num determinado clima psicológico que, consoante as pessoas e o lugar, pode ser mais ou menos favorável… Para nós o importante é viver para isto mais do que viver disto… A música, para nós, é uma necessidade quase mística, que se realiza plenamente quando tocamos… A nossa música dá às pessoas a possibilidade de se libertarem dum quotidiano sempre igual, sem se alienarem dos problemas essenciais”. Finalmente, a entrevista rematava: “… Queremos fugir ao esquema do showbusiness, actuando em pequenos teatros… O disco virá quando for oportuno”. Nunca veio e ainda bem. Assim ficámos míticos.
Já não sei quem foi o louco que nos contratou… Deve ter-se arrependido e bem! O exemplo para os adolescentes germanófilos não terá sido o melhor: cabelos pelo meio das costas; barba de quinze dias; traje “hippy” bandalho; cheiro a erva que tresandava; fogareiros de sardinhas transformados em improvisados queimadores de incenso, que quase pegaram fogo ao pano de cena e abriram um buraco no chão do palco… Péssimo exemplo!
Ainda hoje há uma gravação fragmentada e quase inaudível desse histórico concerto.
Os temas principais chamavam-se “Morte de um Elefante num Templo Gótico” e “Sodoma e Gomorra”… Tudo muito judaico-cristão. Qualquer das peças demorava, no mínimo, trinta minutos “non-stop”, sempre e só instrumental. A duração exacta dependia de duas variáveis: a dimensão dos improvisos e a desbunda entre partes, ou seja, a desconstrução intercalar em que nos viríamos a tornar peritos, a ponto de haver músicas só de interlúdios. É daquelas coisas em que ninguém arrisca: estão eles perdidos? É de propósito? Estão a alucinar? Ou somos nós que não percebemos nada disto?
Aliás, numa entrevista ao Diário de Lisboa, em 8/2/72, conduzida pelo meu pessoal amigo José Jorge Letria, tudo isto era peremptoriamente esclarecido: “… é preciso criar um espaço onde todos possam penetrar…”. Dizíamos nós com toda a razão. E dizíamos mesmo mais: ”… somos cada vez mais pelo sistema de concertos, já que aí a nossa música pode ser apresentada com unidade e uma certa coesão… O tipo de música que fazemos depende muito da capacidade que cada um tem de se definir, de se libertar e de formular… Tocar, para nós é um verdadeiro ritual. O problema é que temos de integrar as pessoas dentro desse ritual…” (pois, era mesmo um problema!). E continuávamos: “… Somos em relação ao som uma espécie de sacerdotes que transmitem a música num determinado clima psicológico que, consoante as pessoas e o lugar, pode ser mais ou menos favorável… Para nós o importante é viver para isto mais do que viver disto… A música, para nós, é uma necessidade quase mística, que se realiza plenamente quando tocamos… A nossa música dá às pessoas a possibilidade de se libertarem dum quotidiano sempre igual, sem se alienarem dos problemas essenciais”. Finalmente, a entrevista rematava: “… Queremos fugir ao esquema do showbusiness, actuando em pequenos teatros… O disco virá quando for oportuno”. Nunca veio e ainda bem. Assim ficámos míticos.
Continuação da publicação por episódios, on-line, do meu livro "Filhos do Povo do Sul - História de uma Banda Rock dos Anos 70".
jp
3 comments:
Oh God I am the american dream
I do not think Im too extreme
An Im a handsome sonofabitch
Im gonna get a good job n be real rich
(get a good
Get a good
Get a good
Get a good job)
Bobby Brown - Frank Zappa
Este comment vem um bocadinho atrasado, eu sei. Mas, para além de terem trocado o nome ao manecas (que passou a piques), diz-nos, porque não tens tu direito a foto no DL?
Realmente deve ter sido bem interessante esse concerto no Colégio Alemão!
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