Há na praia um excesso de democraticidade que não deixa de incomodar. Impossível não ouvir a conversa fútil das dondocas do lado. Os telefones móveis que tocam incessantemente. Os petizes gritam porque a água está fria. Choram porque têm fome. Berram porque têm sono. Grupos de adolescentes jogam à bola com excesso de zelo. Barrigas masculinas exibem-se em todo o seu esplendor. Os seios descaídos da velhota do lado balançam na gravidade do “top less”. Acampamentos de famílias inteiras com lugar fixo na linha do horizonte. Motas de água poluem o som em velocidade estonteante. Aviões publicitários recomendam um “happy hour” em Albufeira. Até o vento quer participar e a areia entra decididamente na conversa.Tanta democracia faz-me pensar! Se tivesse muito dinheiro não escolheria locais paradisíacos? Sítios exóticos? Resorts de luxo? Ausência total de maralha? Ouvir a histérica Madona a falar na primeira pessoa… O frenético Mick Jagger em exibição continuada… Os príncipes do Mónaco em reciclagem de champanhe… Seguranças de fato completo em plena maré alta… Papparazzi empoleirados em coqueiros na mira do grande shot… Copos de água a 40€…?
Não sei. Acho que, apesar de tudo, continuo a gostar de estar incógnito. Ser eu no meio da multidão sem que ninguém saiba que estou ali. Só assim me consigo sentir importante!
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5 comments:
Podes sempre por optar pelo Pobretismo...
Adorei a palavra inventada pela Bé (só para os amigos!) POBRETISMO!
Banhistas são iguais em qualquer lugar do mundo.
Meu caro amigo Eduardo, muito me honra tamanho elogio vindo da sua parte, mas...não fui eu que inventei o palavrão. É favor ler uns posts mais atrasados do digníssimo amigo Jorge.
Eduardo e Rose: Não inventou mas foi muito bem aplicado. Esta mulher tem de ter um blogue...!
Peri: há piores. Estes até que não eram muito maus. Mas convém sempre exagerar!
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