18.8.08

CRÓNICAS DE FÉRIAS - O VENTO

O chapéu voa. Corro. A toalha não pára de se contorcer. Tropeço. Levo com uma bola tresmalhada na tromba. O vento assobia. A areia entra pela boca. O horizonte oscila na voragem da ventania. Desisto do chapéu. A areia fustiga a pele como chumbos de caçadeira. Na cabeça baldes de areia fazem argamassa com o creme solar. Foge um saco plástico. Corro. Grito. Só pára na água gelada. Súbita rajada ciclónica. Os óculos saltam das órbitas. Desaparece a T-Shirt e a tampa da geleira. O vento norte roda a noroeste com tiques inquinados de sul. Uma confusão. Nuvens ameaçadoras por cima da serra. Sandes arenosas rangem nos dentes abertos à intempérie. Abro o jornal. Estúpido! De imediato voam notícias pela praia fora. Notícias soltas que acabam encharcadas na rebentação. Três guarda-sóis passam na brasa em correria assassina. Debandada geral. A praia vai ficando deserta. A areia uiva de prazer selvagem. Será que amanhã chove?
jp

5 comments:

Marcia said...

Adorei seu blog e esta foto do vento é inspiradora. Obrigada pelo coment em Idéias a la Carte. Espero recebê-lso sempre. Estare me inscrevendo das Tertulias Virtuais. Boa semana

Anonymous said...

Boa crônica! Da série FÉRIAS!!!

Anonymous said...

Estou-te a ver no meio da ventania!!!! QUEEN

ortega said...

Mas quem é que ainda tem pachorra para ir à praia? Não se está muito melhor em casa? Nunca percebi esta moda. Penso que o objectivo é regressar bronzeado e puder dizer: Vejam. Eu estive no paraíso e voltei. Até estava quase a tornar-me um indígena, mas regressei para vos fazer inveja.

Jorge Pinheiro said...

Obrigado Marcia e Eduardo.
Ortega: Tb. estou quase a desistir. É de facto um bocadinho piroso.E a malta da Linha, por definição, está sempre bronzeada!