Nesta altura do campeonato perguntarão vocês: “Mas, afinal ele defende as drogas?”. A resposta é sim e não.
Eu explico. Ou melhor, quem vai explicar é o Terence Mckenna, em extractos do seu livro, “O Pão dos Deuses – Em Busca da Árvore do Conhecimento Original”:
“... Porque razão, como espécie, nos encontramos tão fascinados por estados alterados de consciência? Qual tem sido o impacto destes estados nas nossas aspirações estéticas e espirituais? O que perdemos ao negar a legitimidade para usar substâncias visando o transcendente e o sagrado?... O mito fundador da nossa cultura inicia-se no Jardim de Éden, quando foi comido o fruto da Árvore do Conhecimento... Preconceitos culturais, profundamente arreigados, explicam porque motivo a mente ocidental se torna subitamente ansiosa e repressiva ao encarar as drogas. As mudanças na consciência induzidas por drogas revelam dramaticamente os fundamentos físicos da nossa vida mental. As drogas psicoactivas desafiam, assim, o pressuposto cristão da inviolabilidade e do estatuto ontológico especial da alma. De um modo semelhante, elas desafiam a ideia moderna do ego, da sua inviolabilidade e estruturas de controle. Em resumo, os contactos com plantas psicadélicas questionam a mundovisão da cultura dominadora...”
“... A supressão da gnose xamânica, com a sua confiança e insistência na dissolução extática do ego, roubou-nos o significado da vida e tornou-nos inimigos do planeta, de nós mesmos e dos nossos netos. Estamos a matar o planeta para manter intactos os pressupostos equivocados do estilo cultural do ego dominador... Refazer a nossa linguagem significa rejeitar a auto-imagem que da cultura dominadora – a imagem de uma criatura culpada de pecado e, portanto, merecedora da exclusão do paraíso. O paraíso é nosso direito de nascença e pode ser reivindicado por qualquer um de nós...”
“O xamanismo sempre soube isto e sempre ensinou que o caminho requer aliados. Estes aliados são as plantas alucinogénicas e as misteriosas entidades mestras, luminosas e transcendentes, que residem nessa dimensão próxima de beleza e compreensão extáticas que vimos negando, até que agora é quase tarde demais.”
O Terence Mckenna não defende o uso indiscriminado de drogas. Antes pelo contrário. Ele distingue muito claramente as “drogas xamânicas”, de utilização orientada para a evolução e transcendência da espécie, das drogas como entretenimento e alienação da “sociedade moderna”.
Eu concordo. Mas, para ser totalmente franco, nos anos setenta, não tinha esta "noção extática"! Isto, embora Timothy Leary e Carlos Castañeda nos dessem já esta visão transcendental que questionava a banalidade da moda nascente e que é cada vez mais e apenas entretenimento.
Quanto à despenalização das drogas (leves ou duras), obviamente sou contra. Só voto sim quando os políticos forem xamãs!
Eu explico. Ou melhor, quem vai explicar é o Terence Mckenna, em extractos do seu livro, “O Pão dos Deuses – Em Busca da Árvore do Conhecimento Original”:
“... Porque razão, como espécie, nos encontramos tão fascinados por estados alterados de consciência? Qual tem sido o impacto destes estados nas nossas aspirações estéticas e espirituais? O que perdemos ao negar a legitimidade para usar substâncias visando o transcendente e o sagrado?... O mito fundador da nossa cultura inicia-se no Jardim de Éden, quando foi comido o fruto da Árvore do Conhecimento... Preconceitos culturais, profundamente arreigados, explicam porque motivo a mente ocidental se torna subitamente ansiosa e repressiva ao encarar as drogas. As mudanças na consciência induzidas por drogas revelam dramaticamente os fundamentos físicos da nossa vida mental. As drogas psicoactivas desafiam, assim, o pressuposto cristão da inviolabilidade e do estatuto ontológico especial da alma. De um modo semelhante, elas desafiam a ideia moderna do ego, da sua inviolabilidade e estruturas de controle. Em resumo, os contactos com plantas psicadélicas questionam a mundovisão da cultura dominadora...”
“... A supressão da gnose xamânica, com a sua confiança e insistência na dissolução extática do ego, roubou-nos o significado da vida e tornou-nos inimigos do planeta, de nós mesmos e dos nossos netos. Estamos a matar o planeta para manter intactos os pressupostos equivocados do estilo cultural do ego dominador... Refazer a nossa linguagem significa rejeitar a auto-imagem que da cultura dominadora – a imagem de uma criatura culpada de pecado e, portanto, merecedora da exclusão do paraíso. O paraíso é nosso direito de nascença e pode ser reivindicado por qualquer um de nós...”
“O xamanismo sempre soube isto e sempre ensinou que o caminho requer aliados. Estes aliados são as plantas alucinogénicas e as misteriosas entidades mestras, luminosas e transcendentes, que residem nessa dimensão próxima de beleza e compreensão extáticas que vimos negando, até que agora é quase tarde demais.”
O Terence Mckenna não defende o uso indiscriminado de drogas. Antes pelo contrário. Ele distingue muito claramente as “drogas xamânicas”, de utilização orientada para a evolução e transcendência da espécie, das drogas como entretenimento e alienação da “sociedade moderna”.
Eu concordo. Mas, para ser totalmente franco, nos anos setenta, não tinha esta "noção extática"! Isto, embora Timothy Leary e Carlos Castañeda nos dessem já esta visão transcendental que questionava a banalidade da moda nascente e que é cada vez mais e apenas entretenimento.
Quanto à despenalização das drogas (leves ou duras), obviamente sou contra. Só voto sim quando os políticos forem xamãs!
jp
9 comments:
Entre histórias e opiniões contrárias ou iguais... Agradeço sua visita e o comentário simpático que deixou no meu blog!
Beijos carinhosos!
Não conheço as drogas xamânicas e nem imagino como seja. Algo como o Santo Daime? Eu nao preciso de drogas para elevar meu espírito, devo ser louca por natureza. Mas acredito sim, que algumas pessoas fazem uso das drogas para se sensibilizarem, porém também existem aquelas que canalizam as energias para o mal. Chama Xamã nesta hora não vai adiantar, vai? Beijus
Luma: este é o 20º episódio de uma história de uma banda rock dos anos 70 de que fiz parte e que procura retratar, ironicamente, o ambiente da época. Por acaso este episódio é mais "didático". Agradeço os seus comentários e por acaso tb. não consumo nada... nem vinho!
Franceline: obrigado pela visita.
vai ao teu mail!
Talvez as drogas abram canais de consciência que permitam de desvendar outras realidades. Mas como para o nosso corpo esta prática pode ser avassaladora e precisamos dele para viver a nossa realidade, é melhor não tentar o diabo, né?
Eu gosto de vinho, mas se me descuido e tomo um copo a mais, o "day after" não é nada agradável...
Abraços.
Mas quando éramos novos, o experimentalismo é uma tentação. Então em certos meios...
Fumar de vez em quando uns cigarrinhos daqueles que fazem rir os gadelhudos não faz mal nenhum. Até abre o apetite...
Pois, mas não era desses que eu estava falar!
Aliás, esses até dizem que fazem bem. Eu cá não sei!
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