IGREJA DE S.ROQUE

No local da antiga eremida manuelina de S. Roque, no coração da Lisboa antiga, no Bairro Alto ou Bairro de S. Roque, fica Igreja de S. Roque e respectivo Museu. A igreja integra todas as construções da Casa Professa da Companhia de Jesus e começou no primeiro quartel do séc. XVI. Engloba oito capelas agrupadas quatro a quatro, das quais a mais emblemática é a capela de São João Baptista, considerada uma obra-prima da arte europeia, encomendada a Roma, em 1740, pelo rei D. João V, o Magnanimo (que o povo cognominava de o Perdulário) e que é caracterizada estilisticamente por um "neo-classissismo rocaille". A capela foi transportada de Roma e implantada no antigo espaço da capela do Espírito Santo e S. Roque. Era assim o Magnanimo! São deslumbrantes os trabalhos em talha dourada, que aproveitaram o período áureo da descoberta de ouro no Brasil, em Minas Gerais.

Esta foi uma das poucas igrejas que resistiu, quase incólome, ao terramoto de 1755. Apenas a capela de Santo António teve de ser reorganizada. Na manhã de 1 de Novembro de 1755, a terra tremeu por 3 vezes no espaço de 17 minutos e fez cair quase toda a baixa da cidade e Lisboa. Tudo arrasado desde o Tejo até lá cima rés-vés Campo de Ourique (expressão ainda hoje usada para significar "à justa", "à recta"). O que sobrou, ficou à mercê do mar que se agigantou sobre a cidade. Seguiram-se 4 dias de incêndios que consumiram o que ainda não era ruína. Perderam-se 18 mil vidas. Das 20 mil habitações da Lisboa de então só 3 mil se aguentaram. Desapareceram 35 igrejas, 54 conventos, o Paço Real (no local onde está agora a Praça do Comércio) e outros 55 palácios. A Biblioteca Real com 70 mil livros e partituras raras, foi consumida pelo fogo. Ardeu também, ironicamente, o hospital de Todos-os Santos... Esta foi a primeira grande catástrofe da história moderna que ficou na memória colectiva de todos os portugueses. Por isso, quando forem visitar a igreja de S. Roque lembrem-se que é uma sobrevivente!