11.9.08

SINTRA - UMA PERSPECTIVA SALOIA

Estamos no Monte da Lua, o Promontorium Lunae ou Mons Sacer, dedicada a mágicas celebrações de culto lunar. Há quem diga que aqui fica uma das sete entradas para a Terra Oca. Leiam o livro de Raymond Bernard, “O Enigma da Terra Oca”, da desaparecida colecção Cavalo Branco, que tudo vos explicará sobre a proveniência dos Intraterrestres, essa utópica “Raça Futura”, que Bulwer Lytton denominou os “Ana”... Eu francamente não sei, mas que a Serra é mágica, é!
Senão vejam como os prédios se multipicam como cogumelos... Pura magia! Veja-se como os carros invadem as profundezas serpentárias dos vales mais profundos em piqueniques emporcalhados... Pura magia! Observem a profusão de garrafas de plástico, colorindo festivamente a estrada da Lagoa Azul... Pura magia! Notem como, em pleno Parque Natural, surgem virgens florestas de betão armado... Pura magia!
Mas, Sintra não é só mágica. Também é bela.
Já era bela no tempo de Byron, Wagner e outros mariconços que aqui vinham suspirar melancolias românticas de moda passageira.
Para Byron, Sintra era mesmo a visão do Paraíso. Para Wagner, a morada (ou será moradia?) de Parsifal. Até um tal Fernando de Saxe Cobourg, marido de D. Maria II, fez por cá um palácio despenhado numa fraga ao Atlântico virado. Trinta anos depois o famoso Rei Virgem da Baviera, Luís II, tentou-o imitar em Neuschwanstein!
No próprio Jurássico Superior, Sintra já tinha o seu encanto. Para cá vinham muitos dinossauros perdidos em poético repouso e banhos na Praia Grande, como se pode constatar pelas impressões pedonais descendentes, registadas para a posteridade no topo Sul da dita praia.
Depois é que foi pior. Vieram os “Grandes Cataclismos” e Sintra mudou muito: o IC19, em permanente congestão; o “Tribunal Mamarracho”, para arquivo de sucessivas prescrições de antropofagia judicial; os dormitórios da Portela, Algueirão, Massamá e Mem Martins, vomitando trabalhadores ensonados para engarrafar Lisboa!
Só a tribo dos “patos bravos” resistiu e até proliferou. Byron não viria cá hoje... E nós, que estamos cá a fazer?
Foto: Palácio da Pena, retirada do site da Câmara Municipal de Sintra
Texto: Retirado de "Turista Ocidental", escrito por mim e esgotado (tb. foram só 500!)
jp

21 comments:

osguinha said...

Estás a precisar sair do Expresso e atravessar todos os dias a serra para sentires a magia. Ainda há muitos lugares do lado de lá, que não têm prédios, onde ainda se compra fruta da quinta, onde as pessoas não têm problema para estacionar, porque andam a pé, ou largam os carros em qualquer lugar, onde o clima é diferente. E tudo aqui tão perto!!!!
Às vezes é preciso aproveitar o tempo, para ter tempo de aproveitar as coisas boas, que o tempo ainda não estragou.

Anonymous said...

subscrevo o post anterior e pela primeira vez não gostei nada do que escreveu sim sou saloia e depois? Sintra e a serra são magicas.

Al Kantara said...

E comeste queijadinhas ?...

Anonymous said...

Vai de comboio, ó expresso. Apanhas o expresso da linha...de Sintra.

ortega said...

Talvez fosse preferível que os saloios se tivessem mantido de pé descalço e ranhosos a morar em barracos de chão de terra, a trabalhar de sol a sol e a servir a aristocracia decadente que aí vivia, para gaudio visual dos mariconços da linha em safari de fim de semana.

Jorge Pinheiro said...
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Anonymous said...

Só mais uma dica: a viagem de comboio para Sintra é horrível. Durante a semana vai-se bem de carro e o passeio pelo Guincho, Malveira e Cabo da Roca é muito bonito. O Palácio da Vila fecha à 2ª feira e o da Pena à 4ª. Um cafézinho ou uma imperialzita na esplanada fantástica do Café Vinyl é obrigatório.

Jorge Pinheiro said...
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Al Kantara said...

Pejorativo, sô expresso, pejorativo!...

(E apanhaste, não apanhas-te !...)

PS - o meu amigo tem de começar a escrever mais devagar...

Jorge Pinheiro said...

Alertado pelo sempre atento Al Kantara, esse defensor imérito da língua de Camões, de que os meus comentários apareciam mutilados por erros de bradar aos céus, aqui vão de novo, agora melhorados e em bom lusitano.
Osguinha: agadeço as sugestões de passeio. De facto tenho de sair mais vezes aqui da redacção do Expresso. Para chegar a Sintra será melhor a deliciosa estrada do Guincho, atravessando a gloriosa floresta de betão da Guia ou o engarrafado IC 19, com a sua exposição de misérias urbanísticas? Não há meios aéreos directos para a maçã com bicho de Colares?
Anónima: tenho pena que não tenha gostado. Nada de ofensas, por favor. É apenas ironia. Faço o mesmo com Oeiras, onde moro. A "çalaia" era um imposto que os mouros das terras limítrofes de Lisboa pagavam aos cristãos depois da reconquista. Não tem nada de PEJORATIVO. Já agora, adianto que morei em Sintra. Conheço muito bem a terra e a serra e já lá fui muito feliz!
Ortega: APANHASTE o tom!
Rose: vou seguir as sugestões. Em breve teremos aqui fotos desse mítico trajecto, acompanhado a maçãs de quinta (Osguinha, foi sem querer!)
Este post, tão injustamente criticado, teve o condão de me fazer apetecer ir (gostaste desta, ó Al)a Sintra. Obrigado a todos.

Al Kantara said...

Não desgostei. Mas gostava mais que me classificasses de "defensor emérito". Com "e" e não com "i".

PS - Porque uma guitarra é uma guitarra. Não é uma viola ! (Private joke...)

Anonymous said...

Este Al Kantara é lixado. Não deixa escapar nada. Deve ser daqueles que implica por ver um pintelho em cima da tábua da sanita. Apre!

Al Kantara said...

Roserouge : confirmo o mau feitio do qual, humilde, me penitencio. (Tenho dias...) Mas pelos púbicos (mesmo em sítios errados) fazem-me menos impressão que desacertos ortográficos. Porque a Língua, cara rose, a Lingua não é só de Camões. Também é nossa. E há que ter cuidado com ela.

Anonymous said...

Concordo. E saber usá-la, não é pra qualquer um.

osguinha said...
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osguinha said...

Se vieres no expresso da meia-noite ainda temos tempo de ir aos figos, e não precisamos comer os bichos da maçã...

Jorge Pinheiro said...

Osguinha: Pena ter chegado tão tarde.Fui ver o "Wall e" a Cascais... Mas não digo que não da próxima. Aqui para nós, o melhor da fruta são os bichos!

Jorge Pinheiro said...

Rose e Al: teremos tempo de aprofundar os problemas linguísticos.

Silvares said...

Eu que vou a Sintra quando o rei faz anos (note-se que o nosso rei nem sequer é bem um rei, antes um mero aspirante) acho que o texto do Jorge, além de muito bom na forma, fornece uma perspectiva realista da magia do lugar. As fadas e os elfos andam agora aos tropeções em garrafas de plástico e aos pontapés nos papéis que embrulharam a bela sandes de chouriço. Até mesmo as bruxas mais poderosas torcem o nariz ao betão e preferem ir fazer das delas mais para longe, para lado nenhum. Convenhamos que a tal "magia" dos lugares não se compadece com o turismo. O que tem de mágico dar de caras com uma pequena multidão de máquina fotográfica em riste? Pouquinho. E o palácio é óptimo para contemplação bovina porque é, de facto, muito belo e enigmático. Visto de longe, ruminando uma bela erva.
:-)
Quanto à ortografia... ando um bocado apreensivo com o Acordo que há-de fazer com que a minha escrita esteja repleta de erros. Mas, sendo eu burro velho, não aprendo ortografia.

Maria Augusta said...

Visitei Sintra há muiiitos anos e ela era realmente mágica e bela, vejo que continua assim.

Jorge Pinheiro said...

Eu tb. gosto muito de Sintra. Se me fosse indiferente não escrevia sobre ela!