Como dizia Santo Agostinho, o tempo não existe: o passado já passou; o futuro ainda não chegou; o presente acabou de passar. Arnaldo Rocha é um agente especial da poderosa “Organização” que tenta, desesperadamente, criar o “Quinto Império”, a união do norte e do sul, do leste e do oeste. Arnaldo Rocha percorre o tempo atrás do mito.
Publicação simultânea, em episódios, no Brasil (“Quem Conta um Conto”) e em Portugal (“Expresso da Linha”), todas as terças e sextas feiras.
Publicação simultânea, em episódios, no Brasil (“Quem Conta um Conto”) e em Portugal (“Expresso da Linha”), todas as terças e sextas feiras.
EPISÓDIO III (continuação do episódio de 14 de Outubro)
O jantar aproximava-se rapidamente do fim. Os convidados foram saindo amparados por escravos, aguardando liteiras que os transportam às “villae” do Palatino e do Quirinal, para acabarem de vomitar na intimidade do lar.
Crasso ficou sozinho com a própria azia. Tinha pouca pachorra para aquelas orgias. Mas Crasso era pragmático. Para uns a vida é desbunda permanente. Para ele os juros eram a vida existente. Crasso aturava intrigas desde que rendessem sestércios. Adorava o “Poder” desde que fizesse dinheiro. Suportava pedantes desde que estivessem hipotecados.
“Cambada de ingratos. Será que estes palermas já não se lembram que fui eu que os libertei de Espártaco e daquela turba de escravos que lhes ameaçava a vida e, pior ainda, os bens…! Fora apenas há onze anos, que diabo. Que o Hades os engula a todos!
Depois, não percebo esta recente idolatria pelo Pompeu. Arrivista. Gaulês do Piceno. Vaidoso de merda. Não lhe chegam bustos. Quer estátuas de corpo inteiro... Um dinheirão!
“Toque de Midas”… que sabem eles do “toque de Midas”? Só lendas e mitos para entreter comensais. Sim, é verdade, eu quero ser o “homem dourado”, o alquimista do império. E depois, qual é o problema? Sem riqueza o mundo não avança. Se o mundo não avança eu não fico mais rico… logo, existo!
Midas é a mitologia da alquimia. Será que estes imbecis não percebem isso? Há muito que tento a transmutação do chumbo, do mercúrio e do zinco em ouro. Há muito que busco a “Pedra Filosofal”. Tenho ao meu serviço sacerdotes egípcios vindos directamente de Menfis e Karnac. Até agora nada! Desconfio que é tudo conversa fiada. Só o calor do Sol pode criar o verdadeiro ouro. Dizem-me que aquela corja não passa de magos, alquimistas da treta. Agora andam a tentar com excrementos humanos, a que chamam “matéria-prima”… Não sei como aturo isto! Oh, como gostava de ser o Grande Demiurgo e dispensar estes aldrabões. O pior é se têm razão? Imaginem que conseguem mesmo fazer ouro sem ser ao meu serviço? Já viram o efeito desastroso na economia!”.
Crasso ficou sozinho com a própria azia. Tinha pouca pachorra para aquelas orgias. Mas Crasso era pragmático. Para uns a vida é desbunda permanente. Para ele os juros eram a vida existente. Crasso aturava intrigas desde que rendessem sestércios. Adorava o “Poder” desde que fizesse dinheiro. Suportava pedantes desde que estivessem hipotecados.
“Cambada de ingratos. Será que estes palermas já não se lembram que fui eu que os libertei de Espártaco e daquela turba de escravos que lhes ameaçava a vida e, pior ainda, os bens…! Fora apenas há onze anos, que diabo. Que o Hades os engula a todos!
Depois, não percebo esta recente idolatria pelo Pompeu. Arrivista. Gaulês do Piceno. Vaidoso de merda. Não lhe chegam bustos. Quer estátuas de corpo inteiro... Um dinheirão!
“Toque de Midas”… que sabem eles do “toque de Midas”? Só lendas e mitos para entreter comensais. Sim, é verdade, eu quero ser o “homem dourado”, o alquimista do império. E depois, qual é o problema? Sem riqueza o mundo não avança. Se o mundo não avança eu não fico mais rico… logo, existo!
Midas é a mitologia da alquimia. Será que estes imbecis não percebem isso? Há muito que tento a transmutação do chumbo, do mercúrio e do zinco em ouro. Há muito que busco a “Pedra Filosofal”. Tenho ao meu serviço sacerdotes egípcios vindos directamente de Menfis e Karnac. Até agora nada! Desconfio que é tudo conversa fiada. Só o calor do Sol pode criar o verdadeiro ouro. Dizem-me que aquela corja não passa de magos, alquimistas da treta. Agora andam a tentar com excrementos humanos, a que chamam “matéria-prima”… Não sei como aturo isto! Oh, como gostava de ser o Grande Demiurgo e dispensar estes aldrabões. O pior é se têm razão? Imaginem que conseguem mesmo fazer ouro sem ser ao meu serviço? Já viram o efeito desastroso na economia!”.
(continua na 6ª feira)
jp
2 comments:
A eterna busca do "ouro"...uma ilusão que nos nossos dias esta funcionando ao contrario, o ouro virtual da Bolsa esta se transformando em excremento e colocando com ele a economia mundial.
Abraços.
Sem dúvida. Um excremento nada virtual!
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