E por falar em praias, eis que fomos contratados para a banda sonora do documentário “850 Quilómetros de Praias”, um filme de propaganda turística, sob o alto patrocínio do S.N.I.
Foi a nossa primeira aventura em estúdio. Valentim de Carvalho... Paço D’Arcos... Fabuloso! Finalmente só tínhamos de tocar. Havia “escravos” para tudo: descarregar material; ligar cabos; soldar “jeaks”; ajustar microfones; trazer cervejas; coçar os tomates... Até havia engenheiros de som!!!
Estúdio quase anecóico. Paredes duplas enclausurando o som dentro do quadrado do cubo. Biombos, isolando o matraquear da bateria. Órgão “Hamond” à descrição. Mesa de mistura quilométrica com todos os efeitos do mundo. Tocámos para dentro de um gravador de fita com trinta e duas pistas, o que dava uma largura de banda aí de uns 10 cm (há quem a tenha mais pequena!).
No filme as miúdas passeavam por areais infinitas mostrando as carnes que a censura e os bons costumes de então permitiam... Os cavalos galopavam na liberdade da Costa Vicentina... Pescadores descarregavam toneladas de sardinha em Peniche... Gaivotas berravam lá no alto... A bola girava na roleta do Casino... O céu era sempre azul, muito azul.
Mas, o melhor do filme era, obviamente, a banda sonora. Nessa altura tínhamos, porventura, a melhor formação de sempre, pelo menos em termos técnicos já que a inspiração tem dias!
O Manel Baião tinha saído para a sua vida errante que o acompanharia até à morte precoce em 2001. Tínhamos introduzido definitivamente o violino com Zé Machado e, finalmente, tínhamos um baterista de raiz, o ”Joãozinho” Heitor, com a sua bateria americana “Slingerland”.
A bateria sempre fora o nosso ponto fraco. O baterista é como o guarda-redes: o último a ser ultrapassado. Não dá para frangos e as saídas em falso dão grande insegurança à equipa. O baterista é o guardião do tempo, sacerdote do compasso.
A banda sonora do documentário incluía excertos reorquestrados dos nossos principais temas, cada vez mais depurados e progressivos. Também havia música ambiental improvisada “au moment”, do estilo: “é preciso mais trinta segundos nesta cena”... “faz-me um minuto de ruído de fundo”... “entala-me aqui um compasso”... “mete-me o tempo todo”.
O documentário passou no Sudão, Etiópia, Chade e outros países de grande potencial turístico.
Mais uma vez ficámos sem registo fonográfico e muito menos videográfico. Mais uma vez ficou a memória, a lenda... o “mito Ephedra”!
Foi a nossa primeira aventura em estúdio. Valentim de Carvalho... Paço D’Arcos... Fabuloso! Finalmente só tínhamos de tocar. Havia “escravos” para tudo: descarregar material; ligar cabos; soldar “jeaks”; ajustar microfones; trazer cervejas; coçar os tomates... Até havia engenheiros de som!!!
Estúdio quase anecóico. Paredes duplas enclausurando o som dentro do quadrado do cubo. Biombos, isolando o matraquear da bateria. Órgão “Hamond” à descrição. Mesa de mistura quilométrica com todos os efeitos do mundo. Tocámos para dentro de um gravador de fita com trinta e duas pistas, o que dava uma largura de banda aí de uns 10 cm (há quem a tenha mais pequena!).
No filme as miúdas passeavam por areais infinitas mostrando as carnes que a censura e os bons costumes de então permitiam... Os cavalos galopavam na liberdade da Costa Vicentina... Pescadores descarregavam toneladas de sardinha em Peniche... Gaivotas berravam lá no alto... A bola girava na roleta do Casino... O céu era sempre azul, muito azul.
Mas, o melhor do filme era, obviamente, a banda sonora. Nessa altura tínhamos, porventura, a melhor formação de sempre, pelo menos em termos técnicos já que a inspiração tem dias!
O Manel Baião tinha saído para a sua vida errante que o acompanharia até à morte precoce em 2001. Tínhamos introduzido definitivamente o violino com Zé Machado e, finalmente, tínhamos um baterista de raiz, o ”Joãozinho” Heitor, com a sua bateria americana “Slingerland”.
A bateria sempre fora o nosso ponto fraco. O baterista é como o guarda-redes: o último a ser ultrapassado. Não dá para frangos e as saídas em falso dão grande insegurança à equipa. O baterista é o guardião do tempo, sacerdote do compasso.
A banda sonora do documentário incluía excertos reorquestrados dos nossos principais temas, cada vez mais depurados e progressivos. Também havia música ambiental improvisada “au moment”, do estilo: “é preciso mais trinta segundos nesta cena”... “faz-me um minuto de ruído de fundo”... “entala-me aqui um compasso”... “mete-me o tempo todo”.
O documentário passou no Sudão, Etiópia, Chade e outros países de grande potencial turístico.
Mais uma vez ficámos sem registo fonográfico e muito menos videográfico. Mais uma vez ficou a memória, a lenda... o “mito Ephedra”!
Fotografia de José Maria Tavares Rosa
jp
3 comments:
O SNI sempre na vanguarda...
Também havia escravos pra coçar os tomates?! Caramba!
O SNI sempre foi o máximo, desde os saudosos tempos do António Ferro.
É verdade, Rose, a metáfora dos tomates funciona sempre bem.
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