Um disco é uma obra de arte da maior complexidade. Nele se junta a criatividade na composição, com o talento no arranjo e o virtuosismo da execução. Depois vem o design da capa, a sofisticação da tecnologia de gravação, o “know-how” e o bom gosto do produtor. Um disco é uma obra colectiva por excelência. A vulgarização do produto e a sua acessibilidade em termos de mercado, não lhe pode tirar valor. Cada disco é diferente. Cada disco é uma peça valiosa. Uma jóia rara!
Um dia o músico agarra numa guitarra e, ao acaso, começa a tirar acordes à toa. Logo vai surgindo uma melodia que se assobia hesitante. Uma melodia tímida que se insinua e vai ganhando forma. Agora é já a melodia a desafiar novos acordes. Puxando uma diminuta agora, obrigando a uma aumentada depois. Exigindo um tempo forte aqui, uma modulação ali. O compasso vai ficando apurado. Vem uma pausa para ressaltar uma tenção. Sobe o tom. Deixa cair o sustenido. Ressalta o bemol. De repente a música ganha vida própria. Somos meros intérpretes, espectadores da nossa criação. Um dia levam-se as pautas para o ensaio. A banda aguarda. A música é apresentada. Surgem novas contribuições. Alterações. Novas entradas. Contrapontos. O ritmo dá-lhe nova expressão. Surge uma dinâmica. A música encontra o seu caminho. Já ninguém a pode parar. Reescreve-se a pauta em hieróglifos cheios de semifusas. Ensaia-se à exaustão. Repetições infindáveis. Solos. Recomeços. Da capo a fine. Só a coda… Por fim está pronta. Dez músicas assim e podemos ir para estúdio. Aí entram os prodígios da tecnologia. A captação do som. O software de correcção. A mistura e a masterização. Tocamos sozinhos, isolados em paredes anecóicas que nos separam do mundo. Desafinamos. Repetimos. Agora foi o tempo que falhou. Depois o modo. O dia passa e ainda faltam 7 temas. A música é muito mais transpiração do que inspiração. Dois meses mais tarde saberemos o resultado final. Som, notas, efeitos, compassos, ritmos, solos, tudo se junta e, num passe de mágica, surge a gravação. Temos o almejado “master”. Daqui se farão as cópias. Em paralelo, mentes inventivas e criadoras esboçam, em conceitos arrojados, novos designs para a capa. A embalagem é essencial num disco físico. Ela identifica o objecto. Codifica o conteúdo. Integra a mensagem. Hoje em dia, para quem ainda compra discos, estes aspectos valem 50%. Os outros 50% serão a música.
Aqui acaba a criação. Outros “artistas” entram, então, em campo. O marketing, a promoção, a distribuição. O domínio desses circuitos é essencial para tirar uma obra do anonimato. Entram os advogados, os direitos de autor, as percentagens de distribuição, as comissões de venda… O criador é esmagado pela criatura! A música não só ganhou vida própria, como caminha agora pelos seus próprios meios. Ela existe e move-se nas frequências que o destino lhe traçou. Já nada podemos fazer por ela. Agora só ela pode fazer algo por nós. O autor fica sozinho com o seu génio e a Música pede-lhe: “Dá-me um novo acorde”.
Um dia o músico agarra numa guitarra e, ao acaso, começa a tirar acordes à toa. Logo vai surgindo uma melodia que se assobia hesitante. Uma melodia tímida que se insinua e vai ganhando forma. Agora é já a melodia a desafiar novos acordes. Puxando uma diminuta agora, obrigando a uma aumentada depois. Exigindo um tempo forte aqui, uma modulação ali. O compasso vai ficando apurado. Vem uma pausa para ressaltar uma tenção. Sobe o tom. Deixa cair o sustenido. Ressalta o bemol. De repente a música ganha vida própria. Somos meros intérpretes, espectadores da nossa criação. Um dia levam-se as pautas para o ensaio. A banda aguarda. A música é apresentada. Surgem novas contribuições. Alterações. Novas entradas. Contrapontos. O ritmo dá-lhe nova expressão. Surge uma dinâmica. A música encontra o seu caminho. Já ninguém a pode parar. Reescreve-se a pauta em hieróglifos cheios de semifusas. Ensaia-se à exaustão. Repetições infindáveis. Solos. Recomeços. Da capo a fine. Só a coda… Por fim está pronta. Dez músicas assim e podemos ir para estúdio. Aí entram os prodígios da tecnologia. A captação do som. O software de correcção. A mistura e a masterização. Tocamos sozinhos, isolados em paredes anecóicas que nos separam do mundo. Desafinamos. Repetimos. Agora foi o tempo que falhou. Depois o modo. O dia passa e ainda faltam 7 temas. A música é muito mais transpiração do que inspiração. Dois meses mais tarde saberemos o resultado final. Som, notas, efeitos, compassos, ritmos, solos, tudo se junta e, num passe de mágica, surge a gravação. Temos o almejado “master”. Daqui se farão as cópias. Em paralelo, mentes inventivas e criadoras esboçam, em conceitos arrojados, novos designs para a capa. A embalagem é essencial num disco físico. Ela identifica o objecto. Codifica o conteúdo. Integra a mensagem. Hoje em dia, para quem ainda compra discos, estes aspectos valem 50%. Os outros 50% serão a música.
Aqui acaba a criação. Outros “artistas” entram, então, em campo. O marketing, a promoção, a distribuição. O domínio desses circuitos é essencial para tirar uma obra do anonimato. Entram os advogados, os direitos de autor, as percentagens de distribuição, as comissões de venda… O criador é esmagado pela criatura! A música não só ganhou vida própria, como caminha agora pelos seus próprios meios. Ela existe e move-se nas frequências que o destino lhe traçou. Já nada podemos fazer por ela. Agora só ela pode fazer algo por nós. O autor fica sozinho com o seu génio e a Música pede-lhe: “Dá-me um novo acorde”.
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jp
3 comments:
Ahhh mas eu queeeero!
Na pintura tb é um pouquinho de inspiração e muitaaaaaas horas de construção.
Alice: é só encomendar. Mando pelo correio. Pode mandar a morada para o meu mail expressodalinha@gmail.com
Claire: muitas horas mesmo!
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